quinta-feira, 10 de março de 2016
Comunicação Social e Liberdade
Qualquer pessoa que por ventura não esteja acorrentada ou presa entre paredes, se consultada, afirmará categoricamente que é livre de todo tipo de influência e que por isso pode agir autonomamente sobre as suas ações. Mas as pessoas podem sim serem dominadas, em maior ou menor grau, por uma série de instrumentos de controle existentes nos tempos modernos. Não só as instituições como as descritas comumente pelos sociólogos e psiquiatras como a família, a escolar, a igreja etc, ou as estudadas pelo francês Michel Foucault, como a prisão, o hospício, o orfanato etc, mas os meios que na modernidade se usa para a comunicação: o jornal, o rádio, as revistas e, mais particularmente, a televisão.
Mas não se está aqui pensando pelo angulo dos teóricos da Escola de Frankfurt, os meios de comunicação de massa como instrumento de dominação a partir da coisificação dos pensamentos. Pensa-se em levar também esses pontos em consideração, mas tentando ir além.
Acontece que o cérebro obtém impressões sobre tudo que se lhe aparece e, com isso, formula conclusões e as estabelece como verdades prontas para conduzir-lhe a vida. As novas impressões virão constantemente e as suas conclusões estarão sempre sendo refeitas de modo que o que já foi estabelecido fará parte das seguintes orientações.
Nos tempos modernos os meios de comunicação e, mais especialmente a televisão, se estabeleceram como senhores das vontades, das necessidades e até da sensibilidade estética de cada individuo. Profissionais de propaganda e “marketing” munidos sempre de novas teorias a serem veiculadas, constantemente rearticulam outras investidas atacando constantemente a subjetividade dos leitores, ouvintes ou telespectadores, ditando-lhe os modos de vida.
Liberdade, esse conceito difícil de estabelecer, denota sempre uma perspectiva de ausência de submissão ou de servidão. Isso porque liberdade está ligada diretamente a razão e os meios de comunicação, nos últimos tempos, tiram o que poderia ser qualificado como racional: a autonomia e a espontaneidade.
Entretanto, as pessoas não parecem preocupadas com a liberdade em si, mas com a sensação da liberdade. E isso os meios de comunicação conseguem imprimir-lhe na subjetividade de modo que o individuo obedece aos ditados de um sistema sem se dar conta de que obedece e o reproduz; o mais interessante nisso é que muitas vezes acontece contra sua própria condição social, sua cor, seu gênero etc.
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