quinta-feira, 24 de março de 2016
Paixão e Morte: Justiça e Privilégios
Dois mil anos se passaram, mas quase nada mudou: as classes sociais mais abastadas reagem de forma muito parecida quando estão sob a ameaça de um perigo iminente. Que mal teria feito aquele moço que, com pouco mais de trinta anos, se juntou aos pobres, à prostituta, aos leprosos e a “todos aqueles que têm fome e sede de justiça”?
Acontece que por essa época, toda a região da Palestina estava sob o domínio do grande império de Roma e alguns poucos tinham vantagens diante da submissão; poucos tinham comida em fartura, poucos tinham recursos para socorrer seus enfermos, assim como poucos podiam pensar em viajar para Atenas, para Alexandria ou fazer compras em Biblos. Havia vantagens para esses em tudo continuar como estava; quem era esse moço que se achava no direito de mexer na posição dos bem nascidos?
Na sua última festa da Páscoa quando ele pegou o pão, ergueu-o e ensinou aos seus camaradas: “comam e distribuam a todos”; o mesmo fez com o vinho: “bebam e distribuam a todos”. E ainda insistiu: “façam isso quando lembrarem em mim”. Mas tais ensinamentos era uma heresia ao sistema vigente; era totalmente contrario ao pensamento daqueles que detinham os privilégios da submissão ao poder do grande império romano.
Quem traduziu a grande preocupação desses poucos privilegiados foi Caifás, o sumo-sacerdote. Ele disse: “é preciso que o condenemos hoje para que não tenhamos que lutar contra todos amanhã”. Não havia crime algum para incriminá-lo; o próprio representante do grande império dissera: “não vejo crime algum nesse homem”; mas isso nunca foi problema quando o crime fora mexer em privilégios.
Como resultado, esse moço, traído por um de seus discípulos e ignorado por outro, levado a julgamento diante do Grande Sinédrio. Era preciso ser julgado diante dos homens da lei para que fosse mostrado ao povo e, assim, houvesse a legitimidade de que merecera tal condenação. E pior, tudo fora feito com o acompanhamento e a complacência dos escribas, aqueles que se encarregavam de propagarem tais acontecimentos por todos os cantos da Palestina.
Por isso que parte dessa mesma população, que fora atendida por esse moço, preferiu o pensamento dos hipócritas fariseus e optou por prendê-lo, condená-lo a morte e libertar o verdadeiramente criminoso, Barrabás. Mas tudo não acaba assim; as ideias, quando libertadoras, não são assassinadas, elas se mantém vivas renascendo sempre na luta por um mundo mais justo e mais fraterno.
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A história se repete, os mesmos que clamam pela volta do cristo, vão às ruas pedindo a condenação do sistema que ele propagou...
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