quinta-feira, 3 de março de 2016

A Experiência da Tristeza

Se o que caracteriza a alma humana é a eterna busca pela felicidade, isso significa que a tristeza, um afecto experimentado em maior ou menos grau a todo instante, por todas as pessoas, também deve ser levado em conta quando se discute a existência. Acontece que a vida das pessoas é dotada de duas experiências emocionais distintas, porém correlacionadas: a felicidade e a tristeza. Na filosofia de Arthur Schopenhauer mostra-se que os humanos sofrem constantemente e que só esporadicamente experimentam a felicidade. Os humanos vivem no sofrimento em uma eterna busca pelo que lhes falta e no momento que encontram o objeto da suas buscas experimentam a felicidade, mas depois, quando os efeitos dos encontros já se encerraram voltam-se para as suas tristezas. A experiência da tristeza se altera e se intensifica de acordo com uma série de fatores que podem ser de ordem social ou biológica; ou seja: dependendo do caso, pessoas deprimidas podem ser curadas com a ingestão de produtos químicos; ou, quando a tristeza é originada na solidão ou em ações cotidianas (ou falta de ações), algumas pessoas praticam esporte, fazem arte ou viajam para fugirem de outro vetor de tristeza, o tédio. O sofrimento e a tristeza são dois conceitos sabidamente distintos, mas em geral, experimentados conjuntamente; o primeiro indica uma ação, enquanto o segundo, o resultado da ação. Isso significa que aquele que sofre enfrenta uma contrariedade diante das circunstâncias a que está submetido, que isso pode ser proveniente de uma dor ou do enfrentamento de situações sociais e que podem causar-lhe tristeza ou não. Ou seja: o sofrimento não desemboca necessariamente na tristeza. É possível sentir uma dor física ou um cansaço intenso, o que caracteriza um sofrimento, mas se for originada por uma causa bem-vista, de extrema relevância para o individuo, pode-se sentir com o dever cumprido e não experimentar a tristeza. Para enfrentar a experiência da tristeza é preciso levar em conta que esse é um fenômeno inerente a alma humana e que essa é mais que um sentimento, é um olhar para si mesmo, se entender como agente do mundo e reconhecer as próprias fraquezas. Nesses termos é possível concluir que a posse do seu carro novo, ou do seu novo emprego, ou mesmo de uma nova graduação não tira o individuo da tristeza, mas sim o conhecer-se e o aceitar-se como tal.

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