segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Política, as Palavras e os Sentidos

Atualmente, na sociedade brasileira, vive-se uma verdadeira Babel de expressões ideológicas: socialismo, populismo, comunismo, ambientalismo, liberalismo; além de outras que nao designam necessariamente correntes ideológicas, mas conceitos políticos de um modo geral.  As pessoas usam de forma indiscriminada tais expressões e se auto-intitulam socialistas ou liberais, pelo simples fato de este ser o nome do partido ao qual se está filiado; ou então: chamam uns aos outros de populista, pelo simples fato de ser popular.  Vejamos: durante muito tempo - na modernidade - falou-se de democracia, pensando na sua importância para a construção de uma sociedade justa e livre, mas depois usou-se cidadania, dando o mesmo sentido, e agora já se fala em uma política republicana. Facilmente abandonam- se as origens das palavras e dão-se a elas novos sentidos, novas roupagens. Nesse jogo de palavras, com tantas alterações, em tão pouco tempo, poucos são os que efetivamente dominam tais expressões políticas. São poucos por dois motivos: primeiro, devido a complexidade dos conceitos (há uma ciência rigorosa e de difícil compreensão tratando do tema) - segundo, porque há uma invasão do senso comum. Enfim, até mesmo cientistas políticos enfrentam alguma dificuldade para dominar as ultimas expressões da moda. Ora, se é possível chamar  a todos de socialistas, tal palavra - no ato - deixa de designar o que fora anteriormente pensada e isso impossibilita a compreensão de um tema que é tratado, em uma ciência tão complexa. Ou ainda, se alguém  chama, de forma indiscriminada, um ou outro como populista, pelo fato de este ser popular, aquele conceito do líder político personalista, assistencialista e totalitário, deixa de existir. Ou seja: no trato de um tema em que alguns conceitos são bastante específicos, faz-se necessário uma busca rigorosa da sua compreensão. Não se deveria aventurar no debate, sem mais nem menos. É verdade que a língua é viva e o sentido de democracia, usado nos dias de hoje, nem de perto retrata aquilo que os atenienses viveram, mas é preciso que haja alguma segurança na fala; afinal, se não há um rigor cientifico, não se pode reivindicar uma racionalidade. 

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