segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Perdão e a Culpa

Os humanos, vivendo em sociedade, falam e realizam ações que, por hora, violentam, agridem ou, simplesmente, deprimem as pessoas do seu entorno; certamente que há uma complexidade no tema, mas em geral a culpabilidade se faz dependendo dos valores vividos pelo grupo. Por outro lado, homens e mulheres agridem-se uns aos outros, física ou simbolicamente, para satisfazerem seus interesses, de toda a ordem. Sabe-se que o que determina o bom e o ruim, o certo e o errado, no jogo das relações sociais, são os valores construídos historicamente e vividos pelos integrantes do grupo. Nesse caso, a ação que se realiza não pode ser um mal em si, mas precisa ser vista como mal pela maioria dos membros da sociedade. A relação social ocorre da seguinte forma: depois de uma prática daquilo que se aceita como mal, pode vir o seu arrependimento, a não mais aceitação daquilo que fora feito, busca-se então um reencontro com aquele que sofreu o mal, pensando na possibilidade de reconciliação e com ela, acontece o pedido de desculpas ou de perdão. Para que haja desculpas ou perdão, necessariamente é preciso se admitir que um erro fora cometido e que, diante do fato, aquele que foi vitimado deve perdoar, precisa ser desculpar. Parece que os dois conceitos se distinguem pela intensidade da busca de erradicar as marcas do ato praticado. A desculpa, mais superficial, trás no peso do conceito a busca pela erradicação de uma culpa, uma condição de aceitação de que algo fora feito errado, na  proposição de uma reconciliação. Diante disso surge a figura do perdão uma expressão mais forte, dita por aquele que fez o desagravo, com o intuito ser readmitido no grupo de convívio ou de ser aceito por aquele que sofreu o desagravo. Ora, o perdão - ou desculpa - é um processo espiritual de cessar os ressentimentos ou raiva, contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, de diferenças, de erros ou de fracassos. Também pode ser como forma de cessar a exigência de castigo ou restituição de um objeto. O perdão pode ser considerado simplesmente em termos dos sentimentos da pessoa que perdoa, ou em termos do relacionamento entre o que perdoa e a pessoa perdoada.    Mas também pode vir através da oferta de alguma forma de desculpa ou restituição, ou mesmo um justo pedido de perdão, dirigido ao ofendido, por acreditar que ele é capaz de perdoar. Para finalizar pode-se dizer que o perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração - como  diriam os poetas, é sincero, generoso e não fere o amor próprio do o ofensor. O perdão não pode impor condições humilhantes, tampouco pode ser motivado por orgulho ou ostentação; só pode haver perdão onde houver culpa.

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