quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Mídia, Política e Dominação

A televisão no Brasil é uma mídia bastante diferente de tudo aquilo que se é mostrado em outras partes do mundo; por aqui, mais que um veículo de comunicação, é um poderoso instrumento político. Até por quê, aquele que controla um canal de tevê, controla mais de um, além de controlar também algum jornal, ou jornais, e rádios. Para se pensar o poder da mídia, ou aquilo que os intelectuais da Escola de Frankfurt chamaram de MCM (meios de comunicação de  massa), precisa que se entenda o fenômeno como meio, como veículo, como mídia. Ou seja: entre o indivíduo e o fato ocorrido precisa-se de um meio. Ocorre que o que o indivíduo fica sabendo nao é o fato em si, mas aquilo que a mídia, o veiculo, ou o meio permitiu que se soubesse. Como ocorre esse poder? Ora, a  mídia tem uma força de massificação, uma força a quebrar as individualidades que naturalmente ocorrem no tecido social, unifica pensamentos, tendências ideológicas e gostos culturais, criando pessoas iguais. O conceito de massa está exatamente na quebra das individualidades, de modo que os membros de um dado grupo passam agir como cópias um do outro, causando o que se poderia chamar de efeito manada. Com a unificação dos pensamentos, das tendências, as pessoas passam a consumir igualmente tudo que o meio de comunicação elabora, inicialmente apenas produtos culturais - música, dança, cinema, teatro. A parti daí, com a homogeneidade dos gostos culturais, vem a segunda etapa, a imposição de necessidades de determinados produtos especificamente: roupa, sapato, refrigerador, carro, salsicha, queijo etc... Interessante que aquele que não tem condições financeiras de adquirir os bens oferecidos pela mídia, se sente inferiorizado ou tentado a consumir pela força. Estudiosos da violência urbana dão conta de que as pessoas, a quem os produtos são oferecidos, podem cair na tentação de conseguir tais produtos a qualquer preço. A mesma meio televisão que diz ao filho do endinheirado que o garoto esperto é aquele que possui o tênis do tipo x, é o que diz ao filho  do não endinheirado que o esperto é quem possui tal tênis. Numa terceira etapa vem os modos de comportamentos, jeito de falar, pronúncias do esse, do erre e assim por diante; a partir daí, as pessoas passam a ter uma mesma tendência por tipos de viagens ou gosto por comidas etc. É nessa etapa, algumas vezes até antes, que surgem as verdades políticas e que passam a ser unificadas, sob um mesmo comando - aquele, ou aqueles, que controlam  o meio de comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário