quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O Voto e a Força Social

As pessoas não se dão conta, mas o processo eleitoral, a escolha dos novos governantes de uma cidade, de uma província ou de um país, por parte dos cidadãos, é de extrema relevância. As pessoas nao se dão conta porque não conseguem ver a importância de toda estrutura e do funcionamento administrativo do poder publico, a constituição das suas leis, a estrutura burocrática, as hierarquias e todas as suas dificuldades. O que acontece é que, mesmo sabendo que democracia é um conceito muito mais amplo, o que tem caracterizado, na prática, a política da era moderna, é o fenômeno da votação, o processo de eleição que escolhe os representantes em uma dada sociedade. Em geral é a isso que se tem dado mais tem peso e, portanto, deve ser estudado. O que se quer dizer é que o voto é muito mais que uma ação social - no dizer do sociólogo alemão, Max Weber; certo ou errado, o voto traduz a vontade política de cada membro de uma sociedade.  A estrutura de poder de uma população, o grande Leviatã, como fora chamada por Thomas Hobbes, pode estar a mercê de apenas um indivíduo - como são os casos dos reis absolutos e mesmo de sistemas ditatoriais, ou aberto aos interesses da população. Nos primeiros casos, as decisões ocorrem pela deliberação de um indivíduo (ou de um pequeno grupo de indivíduos) ou através do voto, da vontade popular. Ou, como já chamaria atenção o dramaturgo alemão, Bertolt Brecht, em seu Analfabeto Político, quando afirma que é através de uma decisão política que o preço do leite, do pão ou do remédio vai se posto a uma população. Isso significa que o cidadão comum, aquele que deposita o voto na urna, precisa saber que essa ação popular tem a tal força política. Depois de ouvir os candidatos, depois de ouvir as pessoas que defendem este ou aquele candidato, o eleitor elabora uma noção das condições eleitorais que se impõem em uma sociedade e, na solidão da urna, dá o seu voto. Ou seja: o cidadão, na sua individualidade, não tem como intervir na condução dos destinos da administração pública, mas através de um sistema eleitoral que resulta na somatória das vontades particulares, sim. 

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