segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O Capitalismo, Obeso e Voraz

Todos os regimes econômicos, vividos pela humanidade ao longo de sua história - tribal, escravista, feudal, socialista ou capitalista - cumpriram seus papeis na história, mas todos com seus efeitos colateriais. Sabe-se que o modo econômico, a forma de distribuir as riquezas, interfere no fazer cultural de um povo. Sim, há uma relação direta entre a produção de riquezas e as relações sociais. Entretanto, parece que de todos esses, o regime capitalista é o mais voraz, tendo em vista que necessita que cada espaço da sociedade seja transformado em mais um nicho de mercado. Essa voracidade cresce sem parar e faz parecer que o bicho, mesmo com o tanto comer, vai morrer de fome, pois em algum momento a comida acaba. O capitalismo começou sua existência na Europa moderna comprando e vendendo temperos trazidos do Oriente; a necessidade de aumentar os negócios provocou a procura de "novos caminhos para as Índias" e a descoberta da América. Precisando ampliar ainda mais, passou a transformar os produtos a serem vendidos e o mundo viu o salto de uma produção manufatureira para a grande Revolução Industrial. A partir deste ponto, muita coisa passou a fazer parte das possibilidades de uso para a acumulação de riquezas: máquinas, vestuários, alimentos, armas de guerra, terra, extração mineral etc. Além disso, quando os povos estavam se erguendo e construindo um sistema de ordem, vieram as guerras devastando tudo para que o consumo, cada vez maior, voltasse sempre a dar o tom da vida em sociedade. Quando se pensou que nada mais haveria para se explorar, o capitalismo entrou em setores nunca antes imaginado: educação, lazer, esporte imprensa, entre outros. Acontece que o sistema é acometido por um vírus que imediatamente se transforma e muda seu sentido original, a educação perdeu a preocupação com o ensinar, a imprensa perdeu a preocupação com a informação e assim por diante. Nos tempos atuais o sistema capitalista parece cansado de tão obeso, mas a sua voracidade continua e ataca agora a intimidade das pessoas: a saúde, o meio ambiente, a segurança, o sexo, a arte, a religião etc. Nos setores do estado, como não podem ser transformados em objeto de lucro, o espírito do capitalismo faz surgir internamente a corrupção. Parece então, que nada mais há na vida em sociedade que não seja convertido para um caminho de se auferir novos lucros ou que seja influenciado pelo sistema. Seria o destino da humanidade na terra? Isso faz lembrar a frase de Chico Buarque, "de tão gorda a porca já não anda".

Nenhum comentário:

Postar um comentário