quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2015, a Existência e o Tempo

Certa vez um discípulo perguntou ao mestre se ele se achava velho e este parou, refletiu por algum tempo e respondeu: "depende, se eu for comparado a grama do jardim sou muito velho, mas se eu for comparado às pedras que cercam a roseira, sou muito jovem". Ao ouvir isso o discípulo calou-se pensando no que perguntara; afinal, o tempo é uma abstração humana com o intuito de controlar cada momento as existências. Acontece que as pessoas têm a sensação das mudanças do tempo somente a partir de marcas estabelecidas históricamente, como o aniversário, a virada do ano,  a mudança de século ou milênio, mas essas pessoas esquecem que, do nascimento a morte, vive-se uma eternidade de mudanças. Desta forma, tem-se a ilusão de uma paralisação do momento, como se fosse possível olhar para algo e determiná-lo pelo verbo ser, algo congelado, como se assim fora sempre. Ora, não se fica mais velho porque se completou mais um aniversário ou por que se viveu mais uma outra virada de ano; o ano de 2015 é apenas uma construção abstrata do ocidente cristão e nada diz de um ser em sí. Outros povos vivem neste momento em outros calendários, os muçulmanos, por exemplo, estão em 1393, os judeus estão em 5775  e ainda outros calendários poderiam ser criados. Certamente que o mundo a nossa volta sofre condições diferentes a cada momento: o dia tem momento  de luz e escuridão, o mês tem as posições da lua, assim como o ano tem as posições do planeta em relação ao sol e assim as suas estações. Entretanto, as pessoas não vivem nada de especial entre um hora e outra, entre um dia e outro, entre um ano e outro, a não ser a mudança em uma longa duração: a cada dia, a cada ano, assim como a cada segundo, se fica mais velho e se segue para o fim. O que se sente de diferente são a s consequências das seções de acontecimentos que nos surgem a todo instante e alteram nossos gostos, nosso humor, nossa saúde e condições do ser de um modo geral. O ano de 2015 nada tem de diferente do 2014, como nada terá do 2016, o que vale é a existência com qualidade: congraçamento, equidade e temperança.

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