segunda-feira, 6 de abril de 2015
Entre Sócrates e Jesus, a Verdade
Um era grego e o outro, judeu - trezentos e cinquenta anos de distância no tempo - um marcou o início do pensamento filosófico ocidental e o outro, o início do pensamento religioso. O Ocidente não seria o mesmo sem os dois: Sócrates e Jesus. Dois homens que, cada um a seu tempo, marcaram os seus dias de existências com semelhanças de pensamento, de comportamentos e de caráter.
Sócrates vivera em Atenas, centro efervescente do pensamento antigo e lutou com todas as suas forças contra os mercenários do saber, contra a mediocridade de sua época e a indigência mental. Jesus perambulara pelas principais cidades da Judeia - de Nazaré a Samaria e a Jerusalém - combatera os hipócritas e gananciosos que tudo faziam para serem vistos e se sobreporem aos outros.
Nenhum dos dois deixou algo escrito. Tudo o que se sabe sobre Jesus foi elaborado por seus discípulos nos livros que ficaram conhecidos como evangelhos, ou relatados por esses à outros que por sua vez escreveram o que ouviram. Aliás, o cristianismo foi montado a partir de livros escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João e por apologistas como Paulo, por exemplo, além dos textos apócrifos que sobreviveram.
Tudo que se sabe sobre Sócrates fora escrito por seu discípulo Platão, tanto que para alguns ele pode não ter existido e não passar de uma personagem dos diálogos platônicos. Os filósofos atuais se confundem quando tentam estabelecer uma linha que separe o pensamento de Sócrates e o pensamento de Platão. A certeza se estabelece quando se le em Xenofonte a defesa do mestre ou em Aristófanes, quando esse o descreve severamente em As Nuvens.
O grego propôs a humildade com a frase "só sei que nada sei", era o seu método de busca do conhecimento; enquanto o judeu ensinara aos seus discípulos que para herdar o céu o homem precisa nascer de novo, seria preciso se fazer criança. Aquele defendeu a verdade e afirmou que toda sua vida fora estabelecida na sua defesa, enquanto esse afirmara em seus ensinamentos: "e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Se Jesus de Nazaré fora aclamado o rei dos judeus, o messias, o verbo que ser carne e habitou entre os homens, Sócrates de Atenas é aceito como a razão central do pensamento do Ocidente. Enfim, os dois foram condenados a pena de morte sob a acusação de blasfêmias, de corromperem as pessoas com seus ensinamentos, mas na verdade foram condenados por defenderem ideias que mexiam na posição de privilegiados na sociedade em que viviam.
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