quinta-feira, 9 de abril de 2015

O Brasil, as Mudanças e a Imprensa

Nesses tempos em que os brasileiros consolidam a sua democracia, quando as liberdades individuais efetivamente acontecem e as críticas podem ser feitas para cada governo que entra e sai, se faz necessário uma análise de um ofício, o jornalismo e toda a sua extensão midiática. É importância que se faça uma crítica apurada e criteriosa a toda produção das comunicações feitas no País e os seus direcionamentos sociais, políticos e econômicos. Importância essa que muitos dos próprios profissionais da área - diante da luta por sobrevivência - não se dão conta das suas matérias e de suas produções artísticas e acabam reproduzindo vontades que não são de suas consciências, mas de uma elite econômica detentora das empresas produtoras. Nesses tempos cruciais para um novo rumo ao País, percebe-se falhas quiméricas na execução do jornalismo brasileiro, não por incompetência na execução da produção, mas na falta de visão social e política. Assim, o que se vê é um jornalismo tendencioso. De um lado, uma empresa jornalística posiciona-se vergonhosamente a favor do poder executivo estadual e contra os professores em greve, do outro, contra o governo federal e a favor dos seus opositores. Por outro lado, em um mesmo tema - a corrupção - jornalistas ressaltam matérias de um dado grupo de corruptos e corruptores e nada falam de outros; a produção é elaborada, editada e mostrada de acordo com os interesses da empresa jornalística. Não se está clamando por aliviarem as costas de quem está apanhando todos os dias com as sarrafadas recebidas, mas que se busque o princípio mais elementar da ética profissional, a imparcialidade. Sim, todos os humanos são falhos e são mesmo parciais, tendenciosos, mas se faz necessário que se compreenda e admita essa parcialidade para lutar contra ela o tempo todo. Não cabe ao jornalista dizer ao leitor o que é certo e o que é errado, mas apenas informar, ser a média, aquele que diz o que aconteceu, sem expressar suas vontades, seus interesses, ou de quem quer que seja. Os tempos mudaram e a imprensa tradicional se vê em uma encruzilhada determinante, ninguém mais pode se dar ao luxo de usar os meios de comunicação de massa, jornal, televisão, rádio etc, como instrumento de defesa das tendências a, b ou c. O mundo mudou e o Brasil mudou, mas parece que a produção midiática local ainda não se deu conta de que sua sobrevivência está ligada diretamente também a essas mudanças.

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