segunda-feira, 13 de julho de 2015

Aparência Fisca, Cultura e Segregação

Desde a primeira metade do século 20, com o enfraquecimento do pensamento evolucionista, base teórica alicerçada na Antropologia positivista, se soube que não tem porque separar os grupos humanos entre os superiores e os inferiores. Isso porque não há qualquer estudo acadêmico, qualquer nexo científico ou algo razoável que possa fundamentar a distinção entre pessoas por pertencerem a origens étnicas diferentes. Muito pelo contrário, o que há nas diferenças das pessoas são diferenças físicas, aparências: a cor da pele, o tipo de cabelo, o formato dos olhos, a estatura; essas coisas e nada mais. Todos são humanos com o mesmo nexo estrutural, possuem uma mesma ossatura, um mesmo sistema neurológico, os mesmos tipos sanguíneos etc. Além das aparências físicas, as diferenças existentes entre os diversos grupos humanos são de ordem cultural. Por outro lado, cada vez mais essa mesma ciência dá conta de que toda a espécie dos homo-sapien-sapien tem uma origem comum. Acontece que no final século 19 essa mesma tendência evolucionista tomou conta da academia, das ciências sociais - em particular- e fez surgir o que chamaram de darwinismo social. A base desse pensamento era de que todos os povos haviam começado os seus agrupamentos de uma mesma forma: primeiro existiriam as hordas que depois se transformaram em tribos e, a seguir, fizeram surgir as primeiras civilizações; algumas dessas teriam se desenvolvido até chegarem a uma condição superior, enquanto outras permaneceriam atrasadas no processo. Imaginava-se então que o ápice seria chegar a condição das sociedades europeias, como a era vitoriana inglesa ou a "belle époque" francesa. Entretanto, esse pensamento caiu por terra em apenas algumas décadas quando se percebeu que sua estrutura fazia uso de um sistema fascista, segregador e que servia apenas para legitimar a exploração de alguns países mais ricos sobre outros mais pobres. O que se conclui disso tudo é que os povos não são atrasados ou avançados, mas apenas são o que são com seus problemas econômicos, políticos e sociais. Conclui-se que o entendimento de uma sociedade deve ser buscado na análise de um todo, não na etnicidade, no biotipo das pessoas. O que define os povos são suas estruturas sociais montadas a partir de cada cultura - arte, religião, economia, trabalho e assim por diante. Ou seja: as tribos de hoje não existem com um destino traçado para chegarem necessariamente a uma mesma situação econômica, política e cultural dos grandes centros ocidentais.

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