quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Entre Salvação e Bens Materiais, o Cristianismo

O Cristianismo, uma estrutura religiosa que hoje toma conta de todo o mundo ocidental, surgiu a partir de uma promessa de salvação espiritual: "...quem crer e for batizado será salvo..." Se surgiu há mais de 2000 anos como promessa de salvação num pós-morte, um descanso na eternidade junto ao grande deus-pai, nas últimas décadas tem sofrido profundas transformações tornando-se um sistema espiritualista de busca do conforto no mundo dos vivos. A noção de Deus não sofreu alteração, assim como a figura do próprio Jesus de Nazaré, continuou intacta; o que tem mudado é a relação dos indivíduos com essas personagens e, com isso, o sentido de vida e de morte. Em alguns países o Cristianismo permaneceu com as mesmas divisões históricas, advindas da grande Reforma, como a própria Católica Romana, a Luterana, a Anglicana, a Adventista, a Presbiteriana e outras. Todas com a mesma meta de busca por uma ordem de vida terrena que renda ao crente a salvação espiritual. A grande guinada se deu foi com o surgimento, há cem anos, das chamadas igrejas pentecostais com a noção de promessa de dons de falar em línguas estranhas, de interpretar sonhos, de curas etc. O que aconteceu foi que, a partir de igrejas estadunidenses, de orientação Batista, alguns líderes religiosos levantaram a possibilidade dos humanos serem tomados pelo Espírito Santo. Nas últimas décadas, o neo-pentecostalismo trouxe uma diferença ainda maior para o Cristianismo, aquilo que os especialistas estão chamando de Teologia da Prosperidade. O pensamento básico é que se o filho for bom conquistará o amor do deus-pai e, consequentemente, terá sua ajuda na solução de problemas sociais, psíquicos e até na conquista de bens materiais. Uma parcela expressiva da população tem aderido - entregando fielmente uma parte dos seus ganhos a essas entidades religiosas que se multiplicaram, inicialmente nas periferias das cidades, mas que, posteriormente, migraram para os grandes centros com templos suntuosos. Os líderes religiosos tornaram-se biblistas ao extremo, há tempos abandonaram qualquer teologia de um Cristianismo salvacionista para dar lugar a uma busca de soluções para seus problemas terrenos. O que não se sabe é se os alicerces cristãos foram distorcidos por essa nova onda ou se, ao contrário, ele finalmente encontrou guarida na necessidade de acumular bens materiais, dentro do sistema capitalista de produção. A verdade é que desde a expansão reformista com uma ética protestante que seguia espírito capitalista, não ocorria uma guinada teológica tão acentuada no Cristianismo ocidental.

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