quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Michel Foucault: o Poder e o Saber

Um intelectual que revolucionou o pensamento moderno ocidental trazendo para o debate uma nova forma de ver o saber e relacionando-o com o poder foi o francês Michel Foucault. Seus principais livros - uma obrigação de leitura para estudiosos de política, de educação, de psiquiatria, de direito, de sociologia e de filosofia - destacam-se: Microfísica do Poder, Vigiar e Punir, História da Sexualidade e As Palavras e as Coisas. Nascido em 1926 e falecido em 1984, Foucault foi diplomata e professor universitário, lecionou em algumas universidades da França e de outros países. Segundo ele mesmo, seu pensamento foi influenciado por Karl Marx, Louis Althusser e Ludwig Nietzsche, entre outros, e está diretamente ligado às manifestações libertárias dos estudantes franceses de 1968 - que teve o engajamento não só dele próprio, mas de outros pensadores como, por exemplo, Jean-Paul Sartre. A grande revolução foucaultiana foi ter repensado a subjetividade que, segundo ele, estaria ligada - necessariamente - a uma articulação constante entre o poder e o saber. Não se trata do poder como foi comum na modernidade renascentistas, em que se estabelece como aquilo que é desempenhado pelos governantes, que o presidente - ou príncipe, encarna esse poder e é visto como algo repressor, que subjuga e que oprime. Não. O poder para Foucault é encarado como uma teia construída a partir dos relacionamentos naquilo que ele chamaria de micropoder; ou seja: as relações sociais não são nada mais que relações de poder. Assim, é esse mesmo poder que determina o saber, aquilo que será aceito como verdadeiro, como normal e que, a partir dele, as pessoas controlarão umas às outras nos seus comportamentos, nos seus relacionamentos, no que fazem ou não com seus corpos etc. Da mesma forma, se o saber está ligado diretamente ao poder, esse não deve ser pensado no sentido de que se estudar, aprender algo, fazer uma graduação vai acumular poder. O poder está ligado ao saber porque esse saber é uma verdade que é ensinada, que é normal. Quando o indivíduo diz que concorda com isso ou com aquilo, que algo é normal, ele aceita tal situação, mas não sabe que esse normal é apenas um saber posto para ser aceito. Por isso a necessidade de trancafiar os loucos, os bandidos, os velhos, os órfãos e todos aqueles que agem contra o que se entende como normalidade, não estão ao alcance desse poder; livres mesmo somente os normais, os reprodutores do sistema econômico, político e social. Para uns Foucault foi um estruturalista ou um pós-moderno, para outros, muito além disso. Não importa, ele foi mesmo um pensador que revolucionou o que se entendia como subjetividade e, assim, todo o pensamento da era moderna.

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