segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Existência: Começo, Meio e Fim
De acordo com o pensamento dialético nada termina, assim como nada começa e, na perenidade das existências, tudo segue rumo ao absoluto. Mas nada segue em uma linearidade eterna, em uma sucessão de acontecimentos tranquilos, sem conflitos, sem percalços, mas aquilo que o senso comum considera como fim deve mesmo é ser encarado como o momento que antecede a um novo começo.
O pensador alemão Georg Friederisch Hegel considerava que todo o pensamento não passa de uma tese e que entra em conflito com uma posição antagônica, a antítese. Mas que isso não é o fim - apenas de uma etapa; desse confronto as duas são anuladas dando origem a uma síntese que nada mais é que outra tese em conflito com outra antítese a gerar outra síntese e assim segue adiante.
Nesse caso, não há fim em si tanto quanto não há começo em si. Nada termina e nada começa. O que o senso comum chama de fim nada mais é que um novo começo. Se o pensamento de Hegel trabalha com a constante transformação no campo das ideias, outros pensaram a dialética sob o ponto de vista material: as transformações da matéria em si ou as transformações das relações sociais.
A semente, ao mesmo tempo que pode ser o fim de uma plantação - posta na terra pode ser também o início de uma outra plantação que vai gerar outra semente e assim sucessivamente. Da mesma forma as relações sociais que hoje são uma realidade, mas que um dia não foram e um dia não serão mais; assim como os sistemas econômicos, políticos e religiosos que hoje parecem tão certos, um dia não foram um dia não serão mais.
No idioma Português há o verbo ser no presente determinando a perenidade: "eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós são, eles são", o que provoca a sensação de seres eternos se relacionando com objetos eternos. Ora, as coisas são diferentes, em termos linguísticos o que de fato retrata o real é o verbo estar, aquele que determina apenas o momento, entendendo que nada é, mas tudo está.
E, nessa existência dialética, é preciso saber viver cada passo, cada música, cada jantar, cada imagem que me é mostrada, pois logo essas pernas não mais andarão, esses ouvidos não mais ouvirão e esses olhos se fecharão para sempre. Enfim, por mais intenso e verdadeiro que um momento possa parecer ao observador, ele não é eterno e, numa sucessão de fatos, teve sua hora de começar e terá sua hora de findar. E isso para que a matéria dê início a outra existência.
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