quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Sistema Público, Política e Gestão
Cada vez mais o consenso se estabelece nos círculos dos entendidos em Administração de Empresa: a gestão pública é muito diferente da gestão privada. Por mais que empresários se apresentem como a solução para uma administração eficiente, frente às empresas e órgãos públicos, efetivamente o que se percebe - na prática - é um profundo distanciamento entre os dois lados.
A ciência da Administração é recente, surgiu sob o impulso da racionalidade moderna, de estruturação sistemática, o estabelecimento de hierarquias e todo um conjunto de procedimentos burocráticos. Racionalidade moderna porque os estudos da Administração, juntamente com a estruturação do Direito e a pretensão racionalista, nasceu nesse período, obedecendo uma necessidade oriunda do desenvolvimento capitalista. Quer dizer: se na Idade Média as noções de gestão se passavam de pai para filho e o parque fabril era também a própria casa de moradia do artesão, na mordenidade houve uma separação clara entre a vida familiar e a gestão da empresa.
Nesse caso, se houve uma profunda racionalização da Administração, bem como da ciência do Direito e isso favoreceu o desenvolvimento dos grandes empreendimentos privados, favoreceu também a estruturação da empresa pública e do estado de um modo geral. Aliás, da mesma forma que a estrutura burocrático-estatal - gerenciando sociedades com milhões de pessoas - não seria possível sem um profundo desenvolvimento de tais conhecimentos científicos.
Portanto, o grande erro hoje é acreditar que as duas áreas possam ser pensadas como iguais; afinal, o empreendimento público busca resultados diferentes do privado. Isso quer dizer: se os fins são diferentes, os meios passam também a ser; se um atende a necessidade de um cliente, o outro, a necessidade do cidadão; se um trabalha com funcionários contratados, regidos por um conjunto de leis, o outro, com servidores públicos, regidos por outras leis, concursados para funções muito específicas. Além de tudo, no setor público trabalha-se com dinheiro público, cujo orçamento precisa ser aprovado pelo parlamento.
Nesse caso, quem sai do setor privado pensando em repetir as mesmas façanhas no setor público está esquecendo tudo isso, mas está esquecendo, principalmente, a ação político-partidária que envolve a gestão pública. O que se quer dizer com tudo isso é que a gestão pública requer um gestor público, alguém que detenha a racionalidade administrativa e toda a cientificidade produzida na academia, mas - principalmente - a capacidade de agir políticamente.
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