segunda-feira, 19 de outubro de 2015
O Jornalista, a Imprensa e a Parcialidade
A modernidade trouxe consigo as necessidades da vida urbana, o culto ao corpo, a importância da alfabetização e o interesse pela informação - um fenômeno que fora denominado de forma genérica como imprensa. E, embaixo do guarda-chuva conceitual, pairaram as mais variadas formas de comunicação social (televisão, rádio, jornal escrito, revista etc) naquilo que os teóricos da Escola de Frankfurt chamaram de meios de comunicação de massa.
Em tempos anteriores a comunicação para grandes públicos era feita nas igrejas, nas oficinas, nas bodegas e nas praças públicas - quando um emissário do rei chegava ao vilarejo e bradava aos quatro cantos as decisões governamentais. Depois disso o boca-a-boca se encarregava de propagar as informações para toda a população, mas tudo isso depurando o que era imprescindível saber ou não.
O estranho da modernidade não foi somente a criação dos vários meios de comunicação, mas a criação da necessidade de seguir informações de fatos ocorridos, mas que foram reelaboradas por equipes de profissionais graduados em escolas especializadas. Esses profissionais ficaram conhecidos como jornalistas e as suas instituições passaram a ser empresas capitalistas enfronhadas numa economia de mercado e, consequentemente, em uma política liberal, de manutenção do status quo.
Nesse caso, o que se iniciou com a pretensão de informar acabou por enfrentar duas situações: uma, passou a ser produto vendido no mercado dentro de uma ideia de oferta e procura; duas, o profissional que se pretendia fiel aos fatos passou a ser um intérprete a serviço do empregador, um empregado com medo do fantasma da demissão. O caráter comunicacional deu lugar a uma manifestação da vontade de um indivíduo que é detentor de certo órgão de comunicação, algo que se assemelha mais a um absolutismo renascentista.
Isso porque o profissional, envolvido no dia a dia da loucura das salas de redação, não se deu conta de seu encerramento no sistema econômico e de sua parcialidade política e social. Graduados em jornalismo, os profissionais se aventuram com palpites diários em temas de alta complexidade como política, economia, antropologia e por aí vai.
Em tempos atuais todo o sistema comunicacional se vê em ebulição devido a ampliação da internet e com ela a democratização da informação. E isso, não só pela facilidade de agregar em um só sistema o rádio, o jornal e a televisão, mas porque as pessoas, de forma imediata, podem interagir com as informações emitidas, mostrando as contradições e a parcialidade dos profissionais.
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