sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A Arte de Fazer Política

A vida em grupo é uma arte das mais complexas e difíceis de aprender; pior: pelo fato de todos os humanos serem jogados na existência e obrigados, simplesmente, a viverem, todos pensam saber o suficiente. E é essa complexidade que revela a necessidade de entendimento de outra arte, a que se aprende quando se tem atenção ao grupo ao qual pertence, a arte de fazer política. A política é a capacidade de negociar. Acontece que vivendo em grupo, as pessoas acabam caindo em contradições, em necessidades e em interesses próprios e de grupo; isso resulta em conflitos. Ora, é aí que entra a necessidade de negociação: a política. E a negociação acontece tanto nos pequenos grupos, quanto nos grandes – nas cidades e nos países: como não é possível que todos os habitantes de um mesmo país, ou de uma mesma cidade, se reúnam para dirimir suas necessidades, nas sociedades democráticas se escolhe um pequeno grupo de representantes que se encarregarão de fazer tal trabalho. Portanto, em tempos que a população é chamada para fazer a grande política, em que se escolhem os seus representantes, é comum que se pense e se discuta a respeito do que se quer para si e para o restante da sociedade. Alguns cidadãos se soltam a produzir críticas e propostas sobre os mais variados setores, do sistema público ao privado. Nesse momento é preciso cautela por que a decisão do voto tem implicação direta nas políticas que serão desempenhadas nos anos vindouros. Isso quer dizer que não basta que o eleitor não venda seu voto, não troque-o por benefícios para si, mas que analise as propostas de cada candidato, a sua história, a sua vontade de mudanças e, acima de tudo, a sua sensibilidade para as causas humanísticas. Esse indivíduo, a quem se deposita um voto de confiança, deve ser aquele que se tem acesso não só no período de eleição, mas que – depois se tenha como fazer contato e se possa acompanhar suas decisões junto a estrutura de poder. É preciso que se pense no sistema eleitoral como um processo de mudança amplo para sociedade, como um momento importante em que a implantação de políticas voltadas para as necessidades da sociedade possa acontecer. Vida humana é mais que o respirar e o existir. A vida em grupo necessita de política e é dela que depende o preço do café, a passagem do ônibus, o médico no postinho, os buracos nas ruas, a vaga na creche e também as leis que prendem e soltam os indivíduos. Viver é sim uma arte complexa, difícil de desempenhar, mas seu aprendizado depende de bem pouco: depende de se perceber membro de um grupo e se fazer agente dessa transformação.

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