sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O Eterno Retorno

O conceito filosófico de eterno retorno já fora postulado pelo estoicismo, uma antiga corrente de pensamento da Grécia antiga, que propunha a eterna repetição das existências no mundo no qual tudo sempre extingue, mas isso para voltar a recriar-se. Em uma constante circular, a terra, as árvores e as pessoas com suas vidas, suas paixões, alegrias e tristezas, e tudo mais que existe, finda para, em seguida, voltar a ser o que um dia já fora. Mas esse também fora um conceito, mais tarde, utilizado por Friedrich Nietzsche pensador alemão (1844/1900) que trabalhou-o em vários de seus textos: Assim Falou Zaratustra, no aforismo 341 de A Gaia Ciência", no aforismo 56 de Além do Bem e do Mal, entre outros. Ele pede para imaginar que um dia, um ser extraordinário viesse até a pessoa e determinasse que se passaria, novamente, por tudo que já passou até o presente momento. Tudo se repetiria, os mesmos atos que já praticou, com os mesmos medos, felicidades e sofrimentos, assim como a mesma árvore que renasce e a mesma fruta que cai e o mesmo verme que a come. Nesse eterno retorno, a realidade atual não tem uma finalidade em si, nem se tem um objetivo absoluto a cumprir e, por isso, ocorrem as alternâncias de prazer e desprazer durante toda a existência. Não que a vida seja cíclica de forma exata e demarcada, mas que tudo se reporta às nuances de vivências já ocorridas que se complementam, dão o colorido e valor às existências por si mesmas. O homem criou o tempo como forma de medir as suas ações e tudo que está a sua volta, de modo que o que hoje existe um dia não foi e um dia não mais será. Dessa forma vive-se uma atemporalidade. Mas, nesse conceito do eterno retorno, de outro modo, tudo volta a ser como já fora antes, com vivências em repetições. Ou seja: os caminhares da existência não ocorrem de um modo exatamente igual ao outro, mas são variações de sentidos já vivenciados, faces de uma mesma realidade. A alegria e a tristeza que alguém sentiu em algum momento, não serão iguais no futuro, mas voltará a experimentar essas situações em suas diferentes variações. Nessa constante de voltas e voltas, num eterno retorno, alguém poderia argumentar que a vida não tem sentido, mas acontece que não precisa ter; o que precisa é experimentá-la melhor, fazê-la sempre melhor. Em outras palavras: viver num constante aprimoramento.

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