sexta-feira, 7 de julho de 2017
Pequenos e Grandes Países
O grande tamanho de um território, as longas distâncias de uma ponta à outra de um país, estaria ligado diretamente aos benefícios sociais que um povo recebe, um bem viver? O povo russo, por exemplo, por viver no maior país do mundo estaria mais bem assistido que os suíços, que os moradores de Liechtenstein, de Andorra, ou de San Marino? Se não há uma relação direta entre o tamanho de um país e a vida das pessoas, por que tanto proselitismo se faz em torno do tamanho, das vastas extensões territoriais?
O elogio ao tamanho reporta os tempos mais antigos em que uma tribo vencia a outra se tivesse um maior número de guerreiros, ou guerreiros eram maiores. Os grandes conquistadores da história se notabilizaram pelas vastas extensões que conquistaram; figuram aí os grandes imperadores como Dário, o Grande, Alexandre, o Grande (a ideia de grandeza sempre significando que estavam a frente dos simples mortais). Em tempos medievais, os senhores eram admirados pelo número de servos que possuíam e pelos vastos territórios que conquistavam e/ou adquiriam em negociações de guerra ou de casamentos.
Os povos, formados na América, herdaram essas noções de grandiosidade e as incorporaram ao seu imaginário, fortalecendo a necessidade de obtenção de uma vasta extensão de terra para o seu país, quase uma substituição às necessidades sociais básicas. No Brasil, não foi diferente. Os senhores com maior extensão de terra e maior quantidade de escravos recebiam da Guarda Nacional a patente de coronel, se a extensão de terra e a quantidade de escravos fossem menores, receberiam a patente de capitão.
Dessa forma, ficou impregnado na mente das pessoas a beleza, e até a vaidade, por pertencer a um país de dimensões continentais, sem o pensamento de que essa grandeza em nada contribui para sua vida no dia a dia. A última pergunta que se faz necessária: a quem interessa manter uma vontade popular de vastas extensões, se isso não interfere no bem-viver das pessoas. Afinal, cidades autônomas podem proporcionar melhores condições de vida para sua população que os países de dimensões continentais.
A resposta é simples. Um certo grupo, sim, leva vantagem com esse ideário de grandeza: para ter um número maior de pessoas sob seu comando, para ter uma grande extensão territorial com reservas de matéria prima, para ter um maior mercado consumidor etc. É preciso parar com esse louvor ao tamanho, às enormes extensões territoriais e pensar: o que esse povo quer de fato? que cultura ele tem? que instrução se quer para as pessoas? E assim, por diante.
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