segunda-feira, 3 de julho de 2017

O Absurdo e a Consciência

Os existencialistas, quando romperam com Kant, Hegel e Marx, caminharam para um entendimento filosófico de que viver é um absurdo, tendo em vista que não viam sentido, propriamente, no existir. Ora, nesse caso, não se pode pensar qualquer existência, fundamentada por um sentido, por uma ação lógica aceitável, já que existir é apenas o estar constituído como tal. Portanto, não se pode pensar a existência, simplesmente, como absurdo. A pedra existe e não se pode, portanto, pensar em um absurdo pela sua existência. Como algo que existe, a pedra é o que é. Nesse caso, pode-se pensar que é no viver que reside o absurdo, mas não: a alface vive e, como tal, nasce, existe por um período, morre, se decompõem e seus materiais estarão prontos para fazerem parte de uma outra vida. Estaria o absurdo, então, na vida dos animais, os humanos, os porcos, os cavalos e os ratos? Ora, os humanos vivem, mas o simples fato de viverem não pode ser pensado como um fenômeno lógico ou ilógico. Onde estaria o absurdo, para então os existencialistas estarem certos? Precisamente na consciência. Isso porque, desses seres que existem, alguns são vivos e, deles, alguns têm consciência de suas vidas e de suas existências como seres de pensamento, portanto, se percebem no mundo e vêm, nessa percepção, o absurdo. Pensar que um dia nasceu e um dia vai morrer e que essa memória que o acompanha, não mais vai existir, leva a reflexão: qual o valor de tudo isso? para que existir? Assim como, o pensar que esse mesma consciência se desvirtua, se desconecta com o mundo à sua volta e as pessoas cometem o absurdo de se prenderem a coisas desnecessárias para esse viver e, ás vezes, mesmo prejudiciais a elas próprias. Mas esses absurdos todos não podem ser pensados como o ridículos, como mal elaborados, como anormais, mas como o estranhos para o domínio da consciência. Desde Kant se sabe que a razão, por mais que busque as complexidades do conhecimento, alguns pontos são intransitáveis. Quando não se consegue alcançar o entendimento sobre o início de tudo, sobre o surgimento do universo - ou seu fim, quando não se consegue estabelecer um sistema lógico para o tamanho das coisas, e do mundo como um todo, vê-se nisso um absurdo. O que se mostra estranho, o que se mostra ilógico é o que paira na consciência, bem como toda a sua produção intelectiva: o pensar o absurdo é um absurdo, mais ainda, o querer saber sobre algo é absurdo.

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