segunda-feira, 24 de julho de 2017
Todos Mentem
Das afirmações que as pessoas fazem todos os dias, bem poucas são verdadeiras, mas se perguntar a qualquer uma delas sobre mentira, engano ou traição, todas serão categóricas em condenar tais conceitos em nome de uma ética e dos bons valores. Por outro lado, ao ouvirem uma mentira, algumas pessoas são absolutamente enganadas, e isso acontece a todo instante, mas outras não, ao ouvirem uma afirmação falsa, decidem por fazer de conta que estão vivendo o real. Preferem autoenganar-se.
Mas também, se a mentira é o ato ou efeito de dizer o irreal, o falso, o não verdadeiro, não se pode pensá-la como algo sempre reprovável por aqueles que a ouvem, ou a falam. Isso porque pode haver uma naturalidade na mentira e até uma bondade; em alguns momentos as pessoas não só preferem, mas necessitam ouvir a mentira. Afinal, ninguém quer sair apontando as falhas, ou erros, daqueles com quem convivem: "como tu estás linda", "tua apresentação muito foi boa", "demonstrastes muita competência" e todas essas frases de incentivo que se diz comumente. Nesse caso, o ato mentiroso, pode ser um ato de bondade, de aconchego e até de aceitação do outro do jeito que ele é.
Mas as pessoas também mentem, traem, enganam umas às outras, para safarem-se das suas contradições e, pior, para não terem de fazer alguns enfrentamentos necessários, ou até para levar algum tipo de vantagem. É essa mentira, é essa enganação, uma atitude contrária a expectativa do outro, prejudicial, a grande traição e que resiste a toda tradição histórica da civilização humana, por milênios.
Mas mesmo que se diga que "a verdade vos libertará" e que toda uma civilização fora erguida, com sua cultura, ciência, tecnologia e história, sob a égide de verdades racionais, os humanos mentem. Todos. E o fazem por não saberem lidar com a realidade com que se deparam; quando afirmam as pessoas se auto-induzem a acreditar naquilo que afirmam; e aqueles que ouviram, se afirmam a partir do que ouviram.
Nesse caso, duas realidades se apresentam: uma subjetiva, construída pelo imaginário e, a outra, coisa em si. Como os humanos não trabalham, não levam em conta, a coisa em si, mas o fenômeno extraído do objeto - olfato, tato, paladar, audição e visão - que, na mente, constantemente refazem as informações recebidas. Em outras palavras: todos os momentos que o real se impõem para indivíduo como algo difícil de aceitar, foge-se de imediato da coisa em si, constróem-se fantasias e caminham-se por ela.
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