sexta-feira, 30 de junho de 2017

Maquiavel, a Política e o Governante

O texto, O Príncipe, do pensador italiano, Nicolau Maquiavel (1469/1527), figura como um clássico da Política enquanto ciência das humanidades e enquanto prática, complexa, que tanto já se falou, desde os tempos da antiguidade e ao longo de toda a modernidade. Foi a partir dos ensinamentos desse livro que se cunhou o adjetivo "maquiavélico" que é dito quando se quer afirmar que a pessoa é ardilosa, mal-intencionada e, algumas vezes, como diabólico. Esse adjetivo faz sentido em parte, já que não se pode pensar que o secretário e diplomata da cidade de Florença, na época governada pela família Médice, ensinou como ser maldoso. Ensinou sim a ser astuto, diante da arte de fazer política. Acontece que Florença vivia uma série de percalços políticos, com a deposição da família governante e seu retorno em seguida, Maquiavel havia ficado sem emprego e ansiava por retomar suas funções. Todos levavam presentes ao novo governante, ao que ele afirmara: "não tenho presentes materiais para dar ao meu príncipe, mas o que tenho são meus ensinamento" e deu o texto O Príncipe. O texto, dedicado ao então príncipe florentino, Lourenço de Médice, trás uma sequência de ensinamentos de como deve o governante se portar diante das adversidades das ações políticas. Por exemplo: diante dos seus súditos, o príncipe deve ser mais temido do que amado, pois o amor acaba, o temor não; as coisas boas devem ser administradas lentamente para que assim as pessoas as experimentem por longa duração, já as coisas ruins, devem ser entregues à população em um só golpe, para que se experimente por um curto espaço de tempo. Ele não escreveu, mas alguns afirmam que, na totalidade do texto, estaria Maquiavel afirmando que os fins justificam os meios, que essa seria a tônica do seu pensamento. No entanto, parece que o que o intelectual italiano afirmara é que existe a Fortuna (o fado, o destino implacável), com todas as suas adversidades, e o governante precisa ter Virtu (virtude, competência para ação diante das adversidades). Dizem também que isso não refletiria o pensamento exato dele, já que também escreveu, além de tantos textos, um outro chamado, Discurso Sobre a Primeira Década de Tito Lívio, fazendo afirmações bastante diferentes de O Príncipe. Dizem ainda que, quando questionado sobre seus ensinamentos ao soberano serem de como dominar os súditos, ele teria dito que de posse das informações, os súditos também poderiam se defender do soberano. De qualquer forma Nicolau Maquiavel foi o primeiro a pensar a política para além dos cânones cristãos e pensamentos de ética e bons princípios, ele pensou a política como ofício e deu os ensinamentos de como se manter no poder.

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