sexta-feira, 16 de junho de 2017
A Arte Como Objeto de Mercado
A Arte Como Objeto de Mercado
Nesses tempos, de encruzilhadas da história, quando se percebe não muito distante o esfacelamento do sistema político e econômico vigente, faz-se necessário pensar em cada ponto que ergue a estrutura social. A arte, por exemplo, é um desses pontos, precisa ser pensada nas suas mais diversas condições: de um lado uma expressão popularesca, repetitiva, tragada como mercadoria e vendida nos bazares das ruelas de qualquer vilarejo, de outro, as expressões elitizadas, distantes das pessoas, se pretendendo elevadas, vivendo além dos outros mortais.
No mínimo é estranho, o que por hora se passa com a arte, tendo em vista que a sua existência se deve a uma necessidade iminentemente humana, como forma de expressar as mais variadas possibilidades, através e para os sentidos: som, imagem, movimento etc. São três os elementos básicos que formam a condição existencial dos humanos, o que os diferencia dos demais animais: a participação política - na decisão do que é importante para a sua sociedade, o espanto por existir que o leva a interrogação filosófica e a expressão artística levando-o à catarse num fazer-se como ser pensante.
Mas é nessa mesma encruzilhada que os agentes da arte são parte daqueles que sucumbem diante das ideologias, prometidas pelo sistema, e assumem um pensamento e comportamento que vai ao encontro de tudo aquilo que enquadra, massifica e mistifica as pessoas. Em outras palavras: o que deveria construir os indivíduos como humanos, livres pensantes, acaba se tornando ajudante mor da construção de autômatos, alienados, que pouco ou nada sabem do seu próprio existir.
Ora, de um lado uma arte popular que virou objeto de compra e venda, produzida após intensas pesquisas de mercado e de forma repetitiva e instalada na mente das pessoas através dos meios de ditos de comunicação. De outro, uma arte erudita que cada vez mais se distancia com uma linguagem própria, falada apenas nos congressos, nos seminários e colóquios, nos auditórios das universidades.
O pessimismo que paira sobre a sociedade atual é, em parte, por saber que a arte tem como fim levar o humano a seguir para além de sua condição pessoal e provoca-lo á reflexão, a viver em liberdade e de, forma fraterna, preocupar-se com o outro. Por isso, quando se massifica, mistifica e se passa a depender da "mão invisível" do mercado, a perspectiva que se tem para os tempos vindouros não são os melhores.
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