segunda-feira, 5 de junho de 2017

Crise, o Motor da Mudança

Se a existência de tudo muda continuamente - as árvores, as teorias, os idiomas, as pessoas, as pedras e os mares - o que se poderia elevar a condição de motor dessa mudança? Uma divindade ou uma energia extraterrena estaria por trás dessa força transformadora, ou tudo seria originado no seio das próprias relações humanos, partindo de uma lógica natural transformadora? Eis a necessidade de uma resposta que não pode ser encontrada em teorias elaboradas pela razão cientificista, mas numa percepção filosófica que busque saber como todas as coisas se configuram, se completam, rompem umas com as outras e se reinventam. Acontece que os humanos, em um mundo natural, criaram um mundo dos humanos, composto de tecnologias, arte, ciência e relações de paz e de conflitos. Sendo assim, na continuidade da primeira pergunta, uma outra: poderia haver mudança se todas as coisas estivessem adormecidas em seus leitos de conforto, em paz consigo mesmas e com os seus? Nesse caso entra o debate o pensador alemão, Georg Friedrich Hegel, que propôs a dialética, um método que afirma tudo estar em constante transformação e que essa transformação ocorre com o ocasionamento de conflitos, das contradições. Naturalmente qualquer pessoa fala em nome do amor, do acordo, da paz entre as pessoas, mas todas as pessoas também entram em guerra com quem quer que seja se seus brios forem tocados, se suas dignidade forem mexidas. Parece que é nessa mesma lógica natural que as pessoas ao mesmo tempo querem a paz, o conforto, também estão prontas para agirem diferentemente do que agiu até então e alterar aquilo que já fora feito. Interessante é que na calmaria, paz e tranquilidade não acontecem mudanças na história, já que se aceita o estado de coisas e assim se quer permanecer. As mudanças viriam exatamente daquilo que em geral se repele, a contrariedade, os desencontros, os conflitos. Isso porque quando os desentendimentos acontecem ambos os lados se sentem contrariados e dispostos ao enfrentamento; ou absorvem o entendimento do outro, ou misturam, ou buscam outras alternativas. Pode-se dizer então que o conflito ou a crise é necessária e sempre deve ser encarada como algo natural e, dependendo do caso, até bem-vinda, pois trás no seu interior a semente da mudança. Certamente que, com o advento da crise, alguns se machucam e até ficam pelo caminho, mas pensando na totalidade das relações é um fenômeno inevitável e benéfico.

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