sexta-feira, 10 de junho de 2016

A Bíblia, a Fé e os Conflitos

A grande dificuldade, em um debate apurado sobre a religiosidade do cristianismo ocidental, se deve, principalmente, a existência de um livro sagrado, historicamente chamado de Bíblia: um conjunto de livros, divididos em dois grupos, velho e novo testamento. Dificuldade porque é um objeto que, para o Ocidente, e parte do Oriente, é mais que só um livro; além de ser um material a ser estudado, é também uma porta para a transcendência e, até motivo de discórdias. Em algumas das divisões do cristianismo a salvação se dá pelo “conhecimento da palavra de Deus”. Na sua primeira parte figura uma série de textos, retirados de antigos escritos judaicos; começando com o Pentateuco, os livros atribuídos a Moisés com a descrição da criação do mundo, dos homens e os primeiros tempos dos patriarcas e juízes – bem como os primeiros governantes hebreus. Os livros que se sucedem, nesse que é chamado o Velho Testamente, mostram as relações deles com os povos vizinhos, além de poemas e cânticos. A segunda parte narra o nascimento, a vida e a morte de Jesus de Nazaré, bem como as relações entre os discípulos na continuação de seus ensinamentos e a formação dos primeiros grupos de seguidores. Boa parte do chamado Novo Testamento é destinada às cartas do apostolo Paulo dirigidas aos seguidores, espalhados pelo mundo antigo. Mas o livro sagrado dos cristãos não é único, a maior parte das grandes religiões do mundo é possuidora de livros com a mesma natureza: os Vedas, dos indus - os Sibílicos, dos romanos - o Livro dos Mortos, dos egípcios e mesmo o Torá, dos judeus e o Corão, dos muçulmanos. Todos eles dão aos fiéis um conjunto de informações que direcionam formas de ver o mundo e alicerçam preceitos religiosos, mas cada um obedece e interage a sua cultura e isso vai além dos princípios de fé. Acontece que se a Bíblia tornou-se o objeto central do cristianismo na modernidade ocidental, responsável por dirigir o destino de milhões de pessoas, tornou-se também o centro de boa parte das discórdias e, mesmo, de um conservadorismo político perigoso. E a grande dificuldade de um debate mais apurado se dá tendo em vista a fragmentação das concepções e o fundamentalismo, diferente em cada grupo, acreditando serem os únicos possuidores das verdades reveladas.

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