quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A Sociologia e o Medo da Crítica

Desde os tempos mais remotos a figura humana já foi o objeto de estudo dos mais variados pensadores, mas quase sempre o fora com um tema de ordem metafísica e, vez por outra, contaminada por explicações místicas. As atividades políticas já estiveram presentes em textos pré-socráticos como o de Heráclito de Abdera, de Platão, de Aristóteles ou dos sofistas, até os contratualistas, ou os socialistas franceses e alemães, passando ainda por nomes como Santo Tomás Aquino, René Descartes e Immanuel Kant. No entanto, as relações humanas só foram estruturadas como objetos da ciência no século 19 com a criação da Sociologia pelos positivistas e, com ela, as variadas correntes daí demandadas. Vieram ainda as contribuições de grandes nomes como o de Emile Durkheim, de Max Weber, de Karl Marx, entre outros. A Sociologia como ciência das sociedades fora criada na tentativa de entender a dinâmica das relações humanas na sua totalidade; na Idade Moderna, depois de uma Revolução Francesa ou de uma Revolução Industrial, não se poderia mais afirmar que as diferenças entre ricos e pobres se dariam por uma vontade divina ou por outra explicação sem base científica. Percebeu-se que algo de tenebroso se encontra nas franjas das relações e que só se poderia buscar armado de ferramentas calcadas em uma epistemologia rigorosa. Essa nova ciência, ao nascer, foi saudada como a grande inovação humana por alguns e como algo incomodo, um catecismo político e pernicioso, por outros. Isso porque a nova disciplina da área das ciências humanas viria para escarafunchar e expor as feridas da estrutura social e política moderna. A partir daí, fortalecida por outros trabalhos filosóficos, a Sociologia se tornou forte em sua crítica à sociedade e economia moderna, mas se tornou “persona nom grata” entre sistemas políticos totalitários. Aliás, se em sistemas autoritários alguns sociólogos são perseguidos, coagidos, presos ou mortos, nos cursos colegiais a disciplina de Sociologia é contemplada como indispensável por um governante democrático, mas é eliminada pelo governante seguinte avesso a um sistema libertário e crítico. De qualquer forma, o interessante é o medo que paira em uma possibilidade de se estudar a sociedade, de se entender as dinâmicas das relações.

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