sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O Golpe na Educação

Mais uma vez é preciso que se fale da educação e da sua tão propalada importância para a transformação; e agora, mais uma vez se prova que muitos dizem da necessidade de transformar a partir da educação, mas ninguém fala o que mudar e em que. Isso porque as últimas notícias que aparecem nas redes sociais dão conta de que o governo brasileiro prepara um projeto de lei com o objetivo de fazer mudanças profundas na educação. Acontece que as tais mudanças em pauta não é a sua readequação para fortalecimento, incrementando nos pontos mais frágeis, mas alterar as disciplinas que possibilitam o questionamento das relações da vida em sociedade, bem como da sensibilidade para a criação e proporciona um corpo sadio. O que se especula no momento é que se quer tirar as disciplinas de Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física do ensino médio e, se isso não bastasse, alguns projetos parlamentares propõem a retirada também de História e da Geografia. O argumento para tirar o ensino de História é o de que o povo deve olhar para frente, atendendo a frase que representa o governo – ordem e progresso, e não para trás. Certamente que em seus lugares pensa-se em outras disciplinas congêneres, mas com menor número de aulas e conteúdos diferentes do que atualmente é ensinado. Alguns falam na volta das antigas disciplinas OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e EMC (Educação Moral e Cívica), as mesmas que substituíram Sociologia e Filosofia assim que se deu o golpe militar de 1964. Com isso o governo pensa em matar dois coelhos com uma tacada só: corta custos ao mesmo passo que redireciona o ensino para um pensamento emparelhado de modo que, cada vez menos, os jovens tenham a capacidade de organização. Alguns falam que professores dessas áreas são todos de um determinado partido e que assim desmobiliza-os, outros defendem diretamente a necessidade de se ter “uma escola sem partido”. Os brasileiros precisam se organizar e se entrincheirar firmemente contra esse estado de retrocesso anunciado para a educação. As transformações são necessárias na educação, na sociedade, na segurança, em todas as áreas das humanidades, mas devem acontecer para aprofundar as condições de libertação e consciência política de um povo e não o seu contrário. Isso é golpe. Tais disciplinas não podem sair do currículo, antes pelo contrário outras deveriam ser acrescentadas: Política, Economia e Direito.

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