sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Mulheres

Uma das maiores polêmicas lingüísticas, experimentadas no Brasil recente, diz respeito ao tratamento que deve ser dirigido a uma mulher que esteja à frente de uma instituição, ou à primeira mandatária do País; afinal, deve ser tratada uma mulher que presida uma instituição como presidente ou como presidenta? Um tratamento que sempre fora masculino, solidificado em séculos, nos últimos anos surge com uma nova possibilidade. Acontece que, há algumas décadas, a feminização do mercado de trabalho; áreas, que até pouco tempo eram exclusivamente ocupadas por homens, agora se observam a presença marcante das mulheres. Isso se deve a uma série de fatores: os movimentos de emancipação feminina, as lutas libertárias contra todo o tipo de discriminação e opressão de setores da sociedade. Inevitavelmente a mulher se aproximou da academia, das artes, das profissões liberais, dos grandes empreendimentos privados, da burocracia estatal, assim como das forças armadas e da política. Nada mais coerente que lideranças femininas, diante desses setores, queiram imprimir suas marcas como mulheres que são; nesse caso, nada mais natural que queiram ser chamadas por substantivos que possibilitem flexões que valorizem sua condição. Nada mais coerente, desde que tal flexão seja aceita como norma culta do idioma em questão; nesse caso, o Português. Mas, mesmo sendo previsto por todos os especialistas em Gramática do idioma lusitano: governante ou governanta, poeta ou poetisa, presidente ou presidenta, parente ou parenta etc, alguns relutam em aceitar. Ora, são apenas expressões que indicam mulheres em tais condições e que tanto podem ser usadas de uma forma como de outra. Mas é comum que mulheres em destaque incomodem. Incomodam por serem mulheres na ocupação de cargos até então masculinos e incomodam se seus pensamentos forem estranhos àquilo que se deparou até então. Alguns não aceitam chamá-las como poetisa ou como presidenta por um inocente desconhecimento do idioma; outros questionam a expressão presidenta como instrumento de oposição. Nas ultimas décadas, as sociedades de cultura ocidental, quiçá em boa parte do mundo, as mulheres passaram a participar ativamente das atividades que até pouco tempo estiveram sob o controle dos homens; e isso aconteceu quer as pessoas (homens e mulheres) queiram, ou não. Inevitavelmente, cada vez mais, se ouvirá substantivos, até hoje inaudíveis para muitos, mas que indicam as ocupações femininas em certos cargos: capitã, generala, oficiala, assim como tem sido hoje com ministra, com senadora, com governadora etc.

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