segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Esquerdas, Conflitos e Mudanças

Quando os bárbaros finalmente invadiram a cidade de Roma, em 476, depois das inúmeras tentativas, ninguém até então havia imaginado que o poderio do Império Romano do Ocidente pudesse cair juntamente com toda a sua estrutura militar, política e jurídica. Os historiadores contam que os povos germanos – guerreiros, não letrados – foram aos poucos minando a organização social dos romanos durante décadas e, finalmente, o Império caiu. Em 31 de outubro de 1517, quando a oposição ao catolicismo romano mais sentiu forte o pensamento e ação da oposição, o monge alemão, Martinho Lutero, pregou as 95 teses na porta da Igreja de Würtemberg, provocando uma ruptura e alterando o modo de vida em toda a cristandade ocidental. Politicamente, a força oposicionista eclesiástica vencera e a hegemonia papal saiu enfraquecida. Na Revolução Francesa, iniciada em 14 de julho de 1789, um dos maiores eventos bélicos de toda a humanidade, os opositores derrubaram um regime político e econômico decapitando o primeiro mandatário do país. Tudo começou na grande convenção, quando Luiz VI sentou-se ao centro, tendo à sua direita os deputados defensores do antigo regime, contrários às mudanças necessárias e, a esquerda, sentaram os deputados representantes do povo, ávidos de transformação geral. A esquerda finalmente venceu, decapitou o rei e estabeleceu as mudanças profundas e necessárias, nunca antes imagináveis. Acontece que a história é viva e, numa constância, tudo sempre muda. E, nessa realidade em mutação, os governos enfrentam os seus opositores, um grupo a esquerda do seu regime que se posiciona contrario ao que se encontra como estático, aquilo que o conservador considera como segurança. Isso porque a unanimidade e o consenso, não produzem história, antes pelo contrario é a contrariedade, o conflito que, em ebulição, movem a humanidade. No Brasil não foi diferente. Os brasileiros, as esquerdas de então, lutaram contra o regime português por aqui implantado; os republicanos, em algum momento, derrubaram o regime monárquico. As ditaduras do século XX perseguiram as lideranças contrárias aos regimes, mas sucumbiram em algum momento. Em todos os tempos, frentes a todas e quaisquer forma de governo, as esquerdas são o motor da história. São elas as forças que provocam o conflito e desestabilizam os regimes sociais, políticos e econômicos. As perseguições aos que contrariam o sistema implantado não passam de tentativas vãs de assegurarem o que está do jeito que se pensa como seguro. Mas toda estrutura um dia surgiu, portanto, toda estrutura um dia acabará. Inevitavelmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário