segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Jornalismo, o Fim

A despeito de tudo que se disse sobre a modernidade (racionalização, revoluções tecnológicas, grandes guerras, fragmentação do cristianismo, descobrimento de novas terras etc.) pouco se disse que, em meio a tudo isso, um elemento nasce, vive e morre nesse período: o jornalismo. Não se está querendo prenunciar o fim de toda a Comunicação Social, essa ciência social aplicada, cujo objeto de estudo são os meios de comunicação de massa, que nasceu com o jornalismo, mas se ampliou e hoje tornou-se uma disciplina de alto valor e necessária para o conhecimento da sociedade em questão. Também não se está querendo afirmar pelo declínio do jornal impresso, apesar de que contribui para essa decadência, já que o jornalismo poderia sobreviver em equipamentos eletrônicos. A maior parte das empresas jornalísticas está presente em versão on line, outras são portais exclusivos para notícias e, ainda outras, se abrem em variedades. Acontece que o que está em queda é essa lógica comunicacional moderna de administração (e imposição) das verdades: uma empresa com editoriais calcados no capital, cujo objeto de sua existência não é a comunicação, mas o mercado com o controle da informação. Na última década, com a ampliação dos recursos tecnológicos, a comunicação deixou de ser algo exclusivo de certos grupos empresariais, para desembocar em uma democratização da informação. Todos os setores, cuja existência depende de relacionamento com o grande público, se refazem em atitudes interacionais, dialógicas e não impositivas como se donas da verdade fossem. As escolas repensam a relação professor-aluno, os artistas produzem peças que envolvam o seu público e as políticas públicas exigem cada vez mais a participação popular, mas o jornalismo persiste em um sistema imperativo como se vivessem nas primeiras décadas do século 20. Se o racionalismo fundamentou a modernidade, com os afunilamentos das especializações e um maniqueísmo político, nos tempos mais recentes sobressaem as pluralidades e as interações. O jornalismo está em queda por não perceber que o leitor, o telespectador ou ouvinte é alguém que tem uma gama imensa de informações, segundo a segundo, e, por vezes, mais claras e mais convincentes que o órgão de comunicação tradicional. Não tem como sobreviver com uma comunicação feita para servir aos interesses do mercado, um sistema que não busca apresentar fatos e se eximir politicamente, mas tomar partido. É perceptível que o jornalismo se encontra em estágio de auto-destruição; em contagem regressiva.

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