quarta-feira, 7 de setembro de 2016
O Burocrata e o Político
Na condução da sociedade encontra-se o estado, a instituição responsável pela organização e legislação da vida pública e pela legislação da vida privada. Na racionalidade de sua condução figuram os dois elementos indispensáveis, mas conflituosos entre si: o burocrata e o político.
O primeiro é um indivíduo concursado para atuar como peça de uma estrutura; para ele, o poder se encontra no emaranhado dos documentos necessários para atuação diante da sociedade. Por tanto, o burocrata é, por excelência, conservador, tendo em vista que as mudanças geram uma inconstância nos seus saberes, criando a necessidade de renovação e de agir sempre com novos procedimentos.
O outro é o político; age de acordo com os procedimentos da burocracia, mas o faz forçado por uma legislação que ele mesmo elabora, em um sistema que ele mesmo deve fiscalizar e denunciar. O político – aquele que é digno de ser chamado como tal – tende sempre a alterar os procedimentos burocráticos como forma de conduzir as ações do estado, cada vez para mais próximo das necessidades da população.
De modo que essas duas personagens, com duas formas de pensar o estado, um estático e outro, mutável, conflitam-se tanto nas suas necessidades corporativas, quanto nos interesses pessoais. Ambos se vêm com desconfiança, como intrusos prejudiciais ao todo da sociedade: um lado será visto como personalista, eleitoreiro e aproveitador; o outro será visto como alguém desumano, insensível, peça de uma máquina que sempre pode ser reposta e não fará falta na estrutura.
A segurança do burocrata, como não poderia ser diferente, está na burocracia e quanto mais essa se mostra impenetrável, com o aumento das exigências de documentos e comprovações, maior será o seu poder. Já a segurança do político, por outro lado, está no movimento, na possibilidade de transformação social, econômica e política.
No entanto, esses dois pontos são, necessariamente, peças indispensáveis na condução do estado nas sociedades modernas; se por um lado é necessária a segurança nos procedimentos e o funcionamento adequado dos órgãos públicos, por outro, há sempre uma necessidade de mudanças. A questão que fica é: como adequar o cumprimento dos seus papeis?
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