quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Tristeza

O homem é um ser jogado no mundo. A sua existência é uma vida calcada na constante busca por aquilo que aprendeu a chamar de razão, uma vida medida, calculada e analisada aos detalhes. Assim fazendo, ele tem a ilusão de seguir por um caminho que lhe proporcione, em algum momento, a felicidade plena. Ilusão porque, pelo contrário, esse homem, com as suas contrariedades, com os seus dissabores, não se irá satisfazer plenamente com aquilo que espera. A todo instante ele se depara com o sofrimento, uma condição que pode ser causada por dores físicas ou dores mentais e que lhe farão padecer em suas vontades, em seus desejos e em suas lutas. O sofrimento constante, por sua vez, é uma falta de perspectivas, de solução para suas necessidades, ou seus desejos, que o leva a tristeza; experimentada comumente por quaisquer pessoas e descrita por teóricos como uma das seis emoções naturalmente humanas, juntamente com a felicidade, a raiva, a surpresa, o medo e o enojo. A palavra tristeza vem do Latim (tristia) que designa um estado de aflição, de sofrimento, de melancolia; um estado afetivo duradouro, caracterizado por um sentimento de insatisfação, acompanhado de uma desvalorização da própria existência e do real. O pensador luso-holandês, Baruch Espinoza, enfatiza como algo momentâneo; ele diz que a tristeza é definida justamente como o ato no qual nossa potência de agir é diminuída ou contrariada. Mas a tristeza é uma experiência comum em qualquer período da vida de cada pessoa: reconhecê-la como uma das emoções, naturalmente humanas, e aceitá-la como tal, pode tornar mais fácil o seu enfrentamento. Algumas vezes as pessoas sabem a sua causa, em outras não, mas todas experimentam. Na maior parte do tempo, as pessoas experimentam e são interrompidas por picos de felicidade, ou porque disfarçam suas tristezas, ou espairecem - esquecendo aquilo que pode levá-las a tristeza. Alguns psicólogos chegam a afirmar que a tristeza, ou a melancolia – como alguns preferem chamar - é um ingrediente necessário na produção artística ou intelectual; o processo criativo necessitaria do sofrimento. Nesse caso, pode-se afirmar que a sua inexistência levaria, necessariamente, a uma superficialidade. Ora, se viver é sofrer, o conhecimento da alma, o conhecimento de quem vive, se encontra na essência de suas existências, as suas agruras, as suas contrariedades, a tristeza.

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