sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A Filosofia é Inútil?

As pessoas filosofam mesmo que não saibam disso: o professor universitário que se depara diante de muitas novas produções científicas, o camponês que percebe a terra como o seio onde germina o alimento, ou o operário que se percebe como produtor de riquezas transformando a matéria em bens de uso. Todos filosofam. E a maior parte, não sabe que aquela busca, aquela tentativa de entendimento é um filosofar. Acontece que ao se perceber no mundo, o indivíduo experimenta uma espécie de dor, uma aflição por não saber por que todas as coisas são aquilo que são. Por mais que se multipliquem as inúmeras disciplinas em ciências positivas, juntas, não são mais que uma grande filosofia; e, essa, como um grande guarda chuva a abrigar todos os anseios pelo entendimento sobre as coisas. Isso porque os humanos despertam para si e para o mundo e querem saber o que são, como funcionam e, desde quando todas as coisas são assim como são. Já se disse que a filosofia é inútil. Porque, em um mundo capitalista, em que tudo tem que ter uma finalidade utilitária, um custo e um ganho, espera-se que toda busca de conhecimento acarrete um retorno financeiro para aquele que a pratique. Mas a filosofia não existe para dar ao portador um ganho a mais, ou mesmo uma erudição que se possa apresentar nos grandes salões da sociedade e que se possa citar frases e nomes dos grandes vultos que fizeram a historia do pensamento. As pessoas filosofam porque é algo inerente a existência dos seres portadores de alguma consciência. Aquele que filosofa alimenta, desfaz e refaz conceitos na tentativa de compreender o que está à volta mas, não acha respostas, ao contrário, ainda mais perguntas. E assim, a filosofia segue em sua perene autofagia. Talvez se possa pensá-la como uma provocação ao pensamento, espécie de terapia em que o exercício persistente e sistemático leva o praticante a descobertas de seu próprio espírito a se debater sobre a face da terra. Talvez os humanos não passem de “...degredados filhos de Eva, gemendo e chorando nesse vale de lágrimas...” Aquele que busca a filosofia, aquele que se interessa pelo saber foge das convenções, mas também percebe que ela não pode ser pensada como algo que existe para fugir das convenções. Se todos filosofam, apenas alguns buscam a filosofia e, aquele que a busca sofre a angústia de existir e nesse sofrimento se percebe como agente. E assim, a história segue.

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