sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
As Coisas e as Representações
As pessoas, quando expressam suas noções de entendimento sobre uma obra de arte quer seja literatura, música, plástica, teatro e outras manifestações, o fazem a partir de suas experiências, informações, suas impressões e toda a carga de memória acumulada. Acontece que tudo a volta dos humanos, e eles próprios, são objetos dotados de signos, seus significantes e significados.
Mas o signo em si nada é e o objeto do signo não existe para ser signo, mas as pessoas atribuem significados, dão a eles uma representação. Essas representações são transmitidas às pessoas, umas às outras, entendendo como suas verdades a serem transmitidas. Mas cavalo, o animal em si, pode ser forte ou fraco, ele sempre vai representar força se essa for uma cultura que o entenda como tal; numa outra, pode representar a lealdade, a divindade, a rapidez etc.
É possível que certos objetos tenham significados gerais para toda a humanidade, mas não se pode dizer que a coisa em si, por ela mesma, necessariamente, seja exatamente aquilo que representa. À coisa em si é sempre atribuído valores pelos agentes, aquele que se deparam diante dos objetos e os interpretam. Isso quer dizer, o mundo não é somente o berço da humanidade enquanto ato e potência, a transformar matérias primas em bens de uso, mas é também um conjunto de representações a povoarem o imaginário dos humanos.
Desse modo, uma obra literária, um tratado jurídico ou uma peça teatral de nada servem se não existisse uma conexão de sentido por onde passam as memórias, os ensinamentos, as culturas etc. Em outras palavras: nenhuma obra é isso ou aquilo se não a partir das representações daqueles que a contemplam.
Em geral, quando se fala de signos e representações remete-se diretamente a fala, um fenômeno humano dependente direto dos signos, mas as representações vão muito além das relações comunicacionais. Elas podem vir sim a partir da fala, mas que ficam impregnadas na estrutura mental e passam a orientar as interpretações sobre tudo que compõem o mundo.
E mais, as coisas podem ser perigosas e incômodas enquanto não se tem nelas a devida representação, mas tão logo isso aconteça, vai ser familiarizada e passará a fazer parte da capacidade de interpretação do indivíduo que contempla.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário