quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

As Ciências e Seus Saberes

Bastante comum que estudiosos delimitem suas ciências e o fazem, cada um, isolados em suas cavernas. Procuram eles determinar não só os fundamentos metodológicos e os objetos de investigação, como também a necessidade e a importância diante dos demais saberes. Ou seja: fixam parâmetros a partir dos limitados conhecimentos de suas áreas e, aí, acontece uma espécie de “totalitarismo cientificista”: cada um vê apenas os seus próprios saberes como necessários, mas o vêem desconectados até mesmo da vida humana em suas necessidades. Nesse caso, é comum ver os biólogos estabelecendo que a Biologia, conforme o nome adianta, é a ciência que estuda os seres vivos, já o químico defendendo que a Química é a ciência que estuda a composição estrutural e as propriedades da matéria, assim como as reações sofridas em suas misturas, enquanto isso, os físicos estão a afirmar que a Física é a ciência que estuda a natureza em seus fenômenos e seus aspectos mais gerais, e assim por diante. Essas áreas do saber, em seus nexos, são verdadeiras e coerentes, mas se perdem porque são pensadas isoladamente. Fragilizam-se diante de uma totalidade filosófica que transcenda a atividade empírica em si. Com as ciências humanas e sociais, em suas determinações de objeto, método e conseqüente segregação do saber, os casos não são diferentes. Cientistas sociais, basicamente aqueles que seguem uma linha mais positivista, tentam se aproximar (ou imitar) os métodos dos conhecimentos biofísicos, principalmente, na tentativa de trazer para si o status de ‘Ciência”. Pode-se afirmar que não é raro sociólogos, politicólogos, antropólogos e juristas, fecharem-se em suas noções de validade, argumentando nexos científicos e se delimitando em seus quintais, como se fossem o bastante para o entendimento maior do mundo e da sociedade. Esse é o grande mal do conhecimento moderno, ser feito sem perceber, ou não querendo ver, a conectividade entre setores e quase um abandono às implicações do mundo a sua volta. Há muito se perdeu o debate filosófico, pensando a Filosofia como o grande guarda-chuva a identificar as conectividades entre os saberes, bem como a ética e mesmo a sua aplicabilidade. As variadas ciências são necessárias e urgem seus desenvolvimentos, mas seus pesquisadores precisam se ater que os saberes transcendem os laboratórios, as publicações de artigos e os livros.

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