sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Tolstoi: Guerra e Paz

Para alguns, apenas um livro chato e inacessível por conta dos encadeamentos do tema em suas 2500 páginas, para outros, Guerra e Paz, a novela do escritor russo, Liev Tolstoi, é um clássico da literatura universal, indispensável para literatos, historiadores, sociólogos, psicólogos e eruditos de um modo geral. A obra de ficção se passa entre 1805 e 1820 e narra a história da Rússia à época de Napoleão Bonaparte. Lev Nikolayevich Tolstoi (em Português, alguns preferem Leon ou Liev) viveu e entre 1828 e 1910 e escreveu várias outras obras, mas que não tiveram maior penetração em outras regiões fora do Império Russo. Guerra e Paz e seu outro texto, Anna Karenina, são aceitos como obras universais, juntamente com A Mãe, de Max Gorki, assim como Crime e Castigo e Irmãos Karamazov, de Fiódor Dostoiévski. Em Guerra e Paz, Tolstói elabora uma teoria social em que o livre-arbítrio é posto em importância menor de modo que é a história que envolve o indivíduo e o conduz pelos acontecimentos; e as pessoas obedecem a esse determinismo. Pierre Bezukhov, personagem central, passa toda a trama procurando um sentido para a vida e só encontra no final, ao ser preso em Moscou, por Napoleão Bonaparte, e encontra o servo Platão Karataev, um exemplo de homem trabalhador, humilde e honesto. Outro ponto que chama atenção na novela são as riquezas de detalhes e o realismo em numerosas descrições psicológicas em suas longas páginas, em partes e publicadas em periódico, até ser publicada como livro em 1863. O certo é que Guerra e Paz inaugurou um novo gênero de ficção e que leva, ainda hoje, estudiosos a buscarem uma definição mais precisa que a classifique. Um olhar atencioso percebe que a obra retrata o autor em pontos específicos de sua vida como o seu pacifismo, as suas posições políticas a esquerda e as leituras de Pierre-Joseph Proudhon, político anarquista francês. Duas das suas frases mais conhecidas e citadas são: “Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas;” ou, “Quem deve aprender com quem: as crianças camponesas devem aprender conosco ou nós, com as crianças camponesas?” Guerra e Paz foi escrita parte em Russo e parte em Francês, já que essa última era a língua preferida da nobreza russa nos séculos 17 e 18, na busca por elegância e fineza. Enfim, é uma obra da literatura universal que retrata os aspectos mais contraditórios e escondidos, ou negados, da alma humana: hipocrisias, medos e frustrações, por trás de bons modos, palavras bem elaboradas, sorrisos e cordialidades.

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