quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Uma Nova Esquerda

Os partidos políticos existentes pelo mundo a fora são agremiações remanescentes das antigas disputas pelo controle do estado que vêm desde os movimentos revolucionários do século 18. De um lado os grupos conservadores defendendo a manutenção do status quo e todo o modelo feudal, de outro os revolucionários, lutando por mudanças na estrutura vigente e, por fim, a correr pelo centro, os reformistas acreditando que alguns consertos pontuais podem manter a economia e a política do mesmo jeito. Mas se os conservadores da direita são frutos do sistema enquanto tal e o centro, reformista, ambos se adéquam às necessidades do momento e se alteram conforme a conveniência, deixam, como único o motor de transformação que as bases da sociedade têm para fazer valer as suas mais profundas necessidades, os partidos de esquerda. O problema é que os tais partidos de esquerda, embora seus programas sejam revolucionários, foram cunhados pelos mesmos moldes dos demais. Os partidos de esquerda seguem sob duas orientações, os democráticos – aqueles que optam pela via eleitoral para chegar ao controle do estado – e os exércitos populares, que optam pela luta armada. Mas ambos foram constituídos a imagem e semelhança do mesmo estado, desigual, prepotente, oligárquico, ao qual combatem comandantes fortes militarmente ou parlamentares com capacidade de discursos carismáticos e envolventes. Por mais que em seus discursos defendam a democracia, dificilmente a experimentam, devido à extrema concentração de poder nas mãos de poucos. Além do mais, só conseguem enxergar como mal a concentração de renda nas sociedades, levando a exploração “do homem sobre o homem”. Ora, a concentração de renda leva sim a degradação social, à baixa escolaridade, à marginalidade, à delinqüência etc; e precisa ser combatida, mas as últimas décadas trouxeram outros pontos importantes, e necessários, para o palco dos debates políticos e os grupos de esquerda precisam estar atentos: a tolerância ao outro, àquele que não tem a mesma orientação sexual, que não tem o mesmo credo, que não tem a mesma etnia, que não é do mesmo gênero e a lista segue. A esquerda é sim o caminho natural das grandes mudanças que as sociedades necessitam e o instrumento é sim o partidário – ninguém pode ficar fazendo criticas ao léu, nem alardeando mudanças sem uma estrutura organizacional – mas esse instrumento político precisa ser repensado. Uma nova esquerda precisa saber ler a historia e a sociedade atual, suas necessidades mais prementes e mais, esse instrumento de luta precisa ser horizontal e não vertical mais como tem sido ate o momento. Afinal, não pode fazer bem aquilo que caminha mal.

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