segunda-feira, 10 de abril de 2017

A Justiça em Aristóteles

Diferente de Platão, seu mestre, Aristóteles da Macedônia pensou em um mundo, apenas, onde estão todas as coisas, suas particularidades e conceitos enquanto universais. Se para o mestre da teoria dos dois mundos, a verdadeira justiça está no mundo das ideias, já que no mundo sensível estão apenas cópias imperfeitas, para o macedônio a justiça, na sua totalidade e plenitude, pode ser vivida neste mesmo é único mundo. Para Aristóteles, o que precisa é pensar a justiça, entendê-la e praticá-la. No livro, Ética a Nicômaco, ele mostra que é preciso fazer uma ligação direta com o entendimento de sociedade e sua política, além de ser necessário levar em conta o conceito de equidade. Assim, o macedônio mostra o conceito de justiça nas suas variedades, como total e particular, como político e doméstico ou como distributivo e corretivo. Alguns comentadores dizem que seu pai se chamava Nicômaco e que ele teria dado o mesmo nome ao filho; nesse caso, o livro intitulado, Ética a Nicômaco, tanto poderiam ser os ensinamentos recebidos do pai quanto poderia ser os ensinamentos a serem passados ao filho. De qualquer forma as suas noções de política, justiça, virtude, ética e equidade foram uma grande contribuição deixada para a posteridade. Aristóteles mostrou que o indivíduo, nos percalços encontrados pelo caminho, precisa atingir o meio termo, já que é na temperança, no equilíbrio, que se encontra a virtude e, nos excessos, o vício. No entanto, quando se trata de justiça, o excesso nunca será vício, pois quanto mais justo for o individuo, mais virtuoso será. O interessante é que no século 4 aC ele já percebia que não haverá justiça se não se observar a distribuição entre as pessoas, o que Karl Marx enfatizaria mais de dois mil anos depois; para ele, é preciso pensar a justiça também como distributiva. Equidade é um conceito fundamental para o direito e qualquer iniciado nas ciências jurídicas é capaz de perceber isso, mas foi Aristóteles quem primeiro chamou a atenção afirmando que a pretensão de uma igualdade absoluta pode mesmo é levar a uma injustiça. É quando ele faz a afirmação famosa: “tratar os igualmente os iguais de desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdade”. Mas para que haja a justiça é preciso que haja também a amizade (philía), não um tipo de bem querer, geralmente encontrado em pequenos grupos de relacionamentos, mas um tipo de relacionamento integrador de todas as partes da sociedade, um pensamento comum.

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