quarta-feira, 19 de abril de 2017

Idade Média, História e Complexidade

Para entender o pensamento moderno de todo o Ocidente é necessário antes entender aquilo que os europeus chamaram de medievo, o “meio da história”. No entanto, não deve fazer apenas referências simplórias ao período que segue após a Idade Antiga e que precede a Idade Moderna, mas se faz necessário entender os seus contornos, as suas implicações, as suas composições, a estrutura de poder, instituições, hierarquias e burocracias; além das correntes filosóficas que lhes foram próprias, o papel da Igreja, bem como as práticas jurídicas e políticas etc. Em primeiro lugar é preciso dizer que essas delimitações tal qual se estabelece é uma decisão arbitrária do continente europeu e que as demais sociedades não necessariamente se balizam por elas; em segundo, que todo o conhecimento que se tem da Idade Média é uma coleção de noções compiladas por historiadores modernos numa tentativa de entendimento sobre a época e o que se sabe são apenas projeções do homem moderno. Mas, caminhe-se por essas projeções! Sim, havia uma influência muito grande da Igreja, pelo menos é isso que se denota, quando se sabe da presença do pensamento do filósofo grego, Platão, via São Agostinho, estabelecendo um distanciamento entre o mundo terreno, da carne e do pecado, e o mundo celestial, da verdadeira justiça e do verdadeiro amor. Nesse caso, se a influência do clero era determinante para a vida intelectual, isso também se deve à força política herdada pela Igreja Católica como remanescente do Império Romano a se impor sobre os povos, ditos bárbaros. Dessa situação demanda ainda a catequização dos povos pagãos, a criação do tribunal do Santo Ofício (a Santa Inquisição), as cruzadas (uma seqüência de viagens para o Oriente que iniciaram como guerras religiosas em defesa da Terra Santa, mas que desembocou num lucrativo comércio, dando origem ao regime econômico capitalista). Aliás, as cruzadas dividiram a história do Ocidente em antes e depois, desembocando no que se chamou de modernidade. Certamente que nessa segunda metade é necessário fazer referencias à presença da filosofia de Aristóteles, agora - via São Tomás de Aquino, reestruturando o pensamento da época, passa a valorizar o corpo como tabernáculo de Deus. Enfim, por mais que se fale sobre o medievo, não se atinge por completo as evidências da estrutura social e cultural, rica e complexa, que foi. Enquanto isso, as pessoas permanecem a falar coisas acertadas ou errôneas a respeito desse período.

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