quarta-feira, 12 de abril de 2017

Giordano Bruno, Catolicismo e Inquisição

Um tema que atrai bastante a atenção do publico em geral, mas ainda muito nebuloso, com pontos de vista que levam em conta posições filosóficas, políticas e teológicas, são os julgamentos realizados pela Sagrada Congregação Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício, a Santa Inquisição. E, nessa nebulosa, encontra-se o monge dominicano Giordano Bruno, teólogo e filósofo italiano de Nápoles, nascido em 1548 e morto na fogueira em 1600, como resultado de uma condenação por prática de heresia. Como se sabe, os séculos XV e XVI foram marcados pela prepotência do clero católico, pelas inúmeras heresias ocorridas, pelo cisma da Igreja - com o surgimento do protestantismo e, consequentemente, pelo reestabelecimento da Santa Inquisição como forma de estancar a sangria sentida pelo pontificado romano. Nesse contexto, Bruno, o frade dominicano, se caracterizou como um sacerdote rebelde, influenciado pelas novas ideias da modernidade que questionavam as decisões tomadas pelo poder central do catolicismo romano. Num primeiro momento, sentiu-se influenciado pelo protestantismo calvinista, se afastando mais tarde quando percebeu o perigo que era, mas - mesmo assim - percorreu outras linhas teológicas desenvolvendo pensamentos em que põe Deus em todas as coisa da natureza, um panteísmo. Alem disso, Bruno questionou as posições da Igreja no que trata da deidade de Jesus, a virgindade de Maria, a transmigração da alma, a transubstanciação do pão a corpo de Deus e outros tantos dogmas, sempre tão caros para a tradição católica. Como filósofo consta como sendo um leitor e comentador de Aristoteles e do frade polonês, Nicolau Copérnico - o que afirma que a Terra não é o centro do sistema, mas o sol - de onde Bruno tira a ideia de uma infinitude para o mundo, um dos pontos heréticos, acusado pelo Santo Ofício. Segundo ele, o mundo é infinito porque Deus é infinito. E questiona no livro, A Ceia de Cinzas: "como acreditar que Deus , ser infinito, possa ter se limitado a si mesmo criando um mundo fechado e limitado?" Seus textos filosóficos não alcançaram tantas considerações para a posteridade como foram os seus enfrentamentos aos ensinamentos da Igreja e a firmeza de suas convicções frente ao tribunal da Inquisição. A ideia de um panteísmo não é sua exclusividade, pode ser encontrada em pensamentos orientais e mesmo na relação criatura/criador do pensamento cristão de deus-único (onisciente, onipresente, onipotente), ou no "motor inicial" de Aristoteles, mas foi Bento Espinosa, mais tarde, que formulou o pensamento, mais adequadamente.

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