sexta-feira, 28 de abril de 2017

O Estado, o Político, e o Cidadão

A vida política de uma sociedade precisa ser vista dentro de um prisma que leve em conta a economia, as relações sociais, a história e, conseqüentemente, a cultura etc. O grande erro que se comete é vê-la como algo isolado, pensando-a como a causadora de todo o mal-estar dos grupos. Claro que alguns fenômenos políticos são próprios e podem ser vistos em separados como a prepotência de alguns governantes e burocratas, bem como as suas artimanhas pessoais e corporativas. Mas esses fenômenos estão dentro de um contexto maior que precisa ser evidenciado em uma análise mais elaborada; políticos e burocratas não são seres alienígenas, causadores – únicos - dos problemas sofridos pelo povo. O enfraquecimento do estado, com suas dificuldades de manutenção da segurança e da justiça, é conseqüência e não causa. Aliás, faz parte da cultura de um povo que tem um estado quase inoperante e já sem legitimidade e que o estabelece como sendo o causador de todas as mazelas, pois assim, se esquiva da culpa. Ou seja: o culpado é sempre o outro e cada um se vê como honesto, cumpridor de compromissos e distante de toda e qualquer perversidade do estado. Como todo mal só pode ser erradicado quando os seus causadores reconhecem-no em suas ações como mal, o não reconhecimento como causador da decadência do estado, faz com que não se vislumbra, em momento vindouro, a alteração do que se apresenta. Certamente que na atividade política se planta o poder nas mãos de indivíduos que nem sempre estarão preparados, o que pode causar o desvirtuamento das funções, mas essas pessoas são apenas mais alguém oriundos dos vários segmentos da própria sociedade. O estado, toda a sua burocracia e hierarquias, é apenas uma máquina produzida pela mesma sociedade e posta à sua disposição; sendo assim, precisa ser vista como parte inerente de cada indivíduo. A análise dos fenômenos particulares só devem acontecer isoladamente, como comodidade metodológica, mas sempre precisam estar integralmente relacionados com os vários outros setores. O estado não pode ser visto como um fim em si mesmo; as suas funções atendem às necessidades oriundas das pessoas, com as suas especificidades; é uma instituição social. Os agentes do estado, aqueles que controlam as forças públicas, as contas e a legislação são um extrato do restante do grupo; uma pessoa como qualquer outra e precisam se ver apenas como agentes, com ônus e bônus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário