Pensar assim é não entender o conceito de direito e, por sua extensão, de equidade e de justiça. Ora, se o objeto final do que se quer em uma vida social é justiça, há de se levar em conta que isso não se consegue com a distribuição simétrica das leis para todos. É preciso que se leve em conta que as pessoas são dotadas de condições sociais, físicas, econômicas e históricas diferentes.
As condições sociais que o estado brasileiro apresenta ao homem negro é uma pequena tentativa de reverter a situação histórica a que fora relegado ao longo dos tempos; a mesma coisa do que acontece com o índio. Historicamente o negro viveu no Brasil por longo período uma condição escravagista e, quando liberto, homens e mulheres foram foi largados à sua própria sorte. Enquanto isso, os índios viram suas terras serem invadidas, saqueadas, cercadas e comercializadas; alguns foram "civilizados": trazidos para as cidades para servirem de mão de obra barata.
Guardando as peculiaridades, é algo não muito distante o que ocorre com a mulher e o homossexual. O estado não faz concessões para as mulheres por bondade masculina, mas porque elas (algumas) se organizaram, se posicionaram e exigiram condições equitativas ao lado dos homens. As mulheres não querem benefícios, dádivas, mas condições de igualdade.
O homossexualismo, por sua vez, é uma realidade humana, histórica e biológica natural. A perseguição aos homossexuais se origina em uma leitura inconsequente da existência humana, fortalecida por duas situações. De um lado a valorização do sexo no casamento com o intuito de fomentar a procriação e, por outro lado, servir a um controle social a partir da manutenção das famílias, essas instituições que historicamente repassam os valores das elites privilegiadas da sociedade. Os homossexuais só querem um benefício, se é que se pode dizer assim, viver sem serem incomodados como qualquer outro cidadão.
Então, quando um homem branco, graduado, heterossexual, bem sucedido, vai aos meios de comunicação para se queixar de abandono por parte do estado, fica claro que a ignorância e opressão caminham juntas.
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