Acontece que as exigências de publicações partem de órgãos acadêmicos e se devem a um pensamento de que os resultados das pesquisas precisam ser publicizados não só como forma de troca de saberes por parte dos cientistas, mas como uma maneira de comprovar os trabalhos feitos e, assim, serem contemplados com mais verbas governamentais. Os auxílios às pesquisas, as bolsas oferecidas, os convênios e os vários sistemas de cursos e intercâmbios mantidos pelos governos se dão baseados nos resultados das publicações.
As exigências desses setores de fomento à pesquisa são tais e o cumprimento por parte dos pesquisadores são tão rigorosos que se perde a ideia central de uma ciência como esteio da sociedade moderna, preocupada com resultados que contribuam para uma vida melhor. Quer dizer: as publicações em artigos científicos acontecem, mas logo que as revistas saem vão para as estantes das bibliotecas ou para as gavetas dos setores de pesquisas e se tornam obsoletas.
Isso se dá porque os órgãos governamentais exigem e as publicações acontecem nas tais revistas, indexadas ou não, mas não são lidas, ou se são lidas só são por outros pesquisadores da mesma área, aqueles que as usam como fundamento para novos textos que também não serão lidos. E tudo acontece de maneira que a maior parte dos pesquisadores, mesmo sabendo muito sobre suas áreas, não terão respostas se forem indagados sobre o sentido de suas pesquisas; suas respostas serão sempre de ordem corporativista e sua área de atuação será sempre a mais importante, de modo que o mundo pararia sem elas.
Certamente que nesses tempos em que se falam tanto da necessidade da leitura, da importância das ciências e que se valorizam as instituições universitárias é pesado demais falar que as revistas científicas encontram-se em condição obsoleta. Mas a despeito dessa necessidade imperiosa, as publicações perderam a própria cientificidade e se quedaram diante da ostentação e da manipulação do mercado.
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