sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Voto, Coisa Pública e Vigilância

Símbolo máximo de um regime democrático, o voto é a possibilidade que um cidadão tem de escolher livremente aquele que, por um período, terá o referendo para agir de acordo com os seus interesses. É um símbolo máximo porque trás na condição daquele que vota a expressão de um ato politico, necessário para que cada indivíduo se sinta um ser humano integral, partícipe nas decisões da sua sociedade.
Para isso precisa ser o voto precisa ser livre pois, do contrário, não estaria sendo um ato seu, mas de outro, de alguém que, ocultamente, de fato, está decidindo. Aliás, pode ser pensado como uma redundância falar em voto livre, já que um conceito é a condição do outro; ou seja: um homem livre vota e pode ser votado, tanto quanto o homem que vota e pode ser votado é livre.
Nesse caso, há uma relação direta entre liberdade e o ato de votar; ser livre é escolher aquele que expresse a possibilidade de que seus anseios estarão em pauta. Precisa-se agora pensar naquele que recebe o voto, naquele que é escolhido por cada cidadão. E aí é que paira a liberdade do voto, a possibilidade, ou não, de uma escolha adequada; quem é o candidato que se apresenta? jJ foi escolhido outras vezes? O que fez, ou deixou de fazer? Qual o programa que esse que se candidata apresenta para que se possa votar nele mais ma vez?
Esses conceitos estão todos juntos: justiça que se espera, ação necessária para fazer o que deve ser feito, liberdade para escolher adequadamente e a culpa por agir corretamente, ou não. Se não houve liberdade para escolher não pode haver culpa por fazer algo errado, mas se houve liberdade, necessariamente haverá culpa sim por escolher aquele que não deveria.
Ora, se a sociedade pertence a todos, se cada um é responsável pelo que acontece na sociedade, a escolha errada é tão perversa quanto qualquer ação ruim do escolhido. Se  houve descaso para com a coisa pública - corrupção, ineficiência, desleixo, elaboração de leis injustas etc. - mas se houve também liberdade para escolher essas pessoas que agora estão à frente do executivo, ou em mandatos parlamentares, a culpa é de ambos: do eleito e do eleitor. 
Também não adianta falarem uns aos outros que todos devem votar de forma consciente, pois quando se fala em votar livre precisa se levar em conta a possibilidade de mentiras, de enganos e de toda sorte de ilusão. Aquele que é iludido tem sempre a convicção de estar fazendo o que deveria ser feito. Portanto, falar em voto passa por um outro conceito importante, o de vigilância. Quem quer acertar na escolha de um candidato precisa ser vigilante. Vigilância. 

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