Em contrariedades de entendimentos sobre os caminhos das sociedades, instituições sempre se confrontaram em discussões políticas nos últimos dois séculos; o que muitas vezes caminharam para confrontos bélicos. Mas, em geral, pairaram em um debate firmado a partir de dois conceitos básicos: esquerda e direita. De um lado e do outro, se desdobrando em várias outras teorias, todas tentando nomear linhas teóricas, discursos e práticas do dia a dia.
No entanto, o que se presencia nesses tempos não é mais a luta entre ideologias políticas como fora nos tempos da Guerra Fria, quando liberais e socialistas se engalfinhavam na defesa de suas tendências. O que se percebe hoje é o triunfo da imbecilidade. O volume de pessoas que expressam suas opiniões sem qualquer fundamento é demasiadamente alto. Isso por si só não é o problema, mas a legião de seguidores que parte para o confronto físico e manifestações políticas afim de determinar os programas governamentais e alteração de leis
Se vivesse nesses tempos Michel Foucault repensaria o seu livro, Microfísica do Poder, afinal o saber já não possui força de expressão para ser a fonte de poder. Talvez seja o livro de Boaventura de Sousa Santos o que melhor explicita o que se percebe nesses tempos sombrios, Pela Mão de Alice - o social e o político na pós-modernidade: no fundo do poço há um mundo torto, onde o sorriso se personifica e onde o coelho corre atrasado não se sabe para onde. Um argumento sem lógica, uma luz que não ilumina. Um retorno à caverna.
Nesses tempos, a universidade já não possui a hegemonia do saber, como as luzes dos tempos passados, e zumbis, humanos semimortos pela ignorância, se debatem querendo, a qualquer custo, devorar a tudo e a todos. Como numa regressão rumo à Idade Média, já não são cientistas, os doutos graduados que dão as ordens e as linhas do saber, mas pequenas e simples mensagens de celular, sem provas, métodos ou fundamentos. Onde esse empoderamento da imbecilidade vai dar? Pergunta difícil, só o tempo dirá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário