sexta-feira, 13 de maio de 2016
As Ciências Humanas e o Desconhecimento
A falta de conhecimentos mínimos de Sociologia, de Política, de Antropologia ou outras áreas das chamadas ciências humanas é avassaladora por pessoas das mais variadas categorias, que gritam como senhores da verdade - a pedir por ações governamentais, sem saber que o que pedem é – muitas vezes - pontos contrários aos seus interesses e aos interesses dos seus. Entretanto, se essa falta de conhecimento da sociedade, da cultura, da política, ou das relações humanas, de um modo geral, fosse apenas por parte de engenheiros, de médicos e de mecânicos seria suportável, mas é grande o desconhecimento entre professores universitários e, até mesmo, entres professores de áreas como a Pedagogia, o Direito, a Economia etc.
Quando a discussão caminha para questões sociais paira um tenebroso vazio, sem quaisquer posições fundamentadas e coerentes; em seus lugares reside um senso comum formado a partir de simples leituras em notas de roda-pé, nos subtítulos de jornais, ou nos telejornais diários. A explicação possível é a falta, cada vez maior, nas graduações, de disciplinas voltadas para o debate das relações políticas e sociais; vistas por alguns como desnecessárias na formação profissional.
Assim, é possível detectar pedagogos que não conseguem estabelecer uma relação entre os seus ensinamentos e a realidade histórica a sua volta, ou economistas que pensam uma economia apartada das relações política do mundo das pessoas. Entretanto, o mais tenebroso é ver operadores do Direito sem qualquer capacidade de analisar a sua sociedade com uma economia, uma política, uma cultura e, conseqüentemente, com uma efetiva justiça.
Dessa forma, homens e mulheres, concursados ou eleitos pelo voto popular, assumem cargos importantes na esfera pública, mas seus conhecimentos não são mais que pequenas partes, estudadas na graduação, apartadas de qualquer conexão com outras áreas do conhecimento. Assim se percebe que, além de vereadores, prefeitos, senadores e deputados, também juízes, promotores, desembargadores e ministros, sem noções substanciais de sociedade, de cultura ou de política.
Ora, de nada adianta se pensar uma sociedade politicamente democrática – cantar odes à justiça - se os agentes dessa democracia, as pessoas responsáveis pela manutenção do estado, não estiverem minimamente preparadas para a sua condução. Todos os cidadãos precisam ter conhecimentos das relações sociais, políticas, culturais e jurídicas, bem como as suas relações com a distribuição de riqueza na sociedade a qual fazem parte. É o desconhecimento político e social que gera a má administração pública e, com ela, a corrupção, a prepotência, a má distribuição de renda e todos os descasos com a coisa pública.
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