sexta-feira, 27 de maio de 2016

Uma Universidade Que se Quer

O que hoje se chama comumente de universidade, uma instituição de ensino superior, surgiu na Europa medieval e, com o passar dos séculos expandiu-se por todos os cantos do planeta. As primeiras foram fundadas em pleno século XII, na Itália e na França, e tinham como propósito o estudo de Direito, da Medicina e da Teologia, mas a parte central do seu ensino envolvia o estudo das artes liberais, o trivium (gramática, retórica e lógica); e o quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia). Já nos seus primórdios se percebeu que uma instituição dessa natureza, que preze pela excelência, deve promover, além do ensino, também o estudo, a pesquisa e o debate. Aliás, sempre se soube que a qualidade do ensino só aconteceria juntamente com todos os ingredientes que fazem a universidade. Com o surgimento da modernidade, o que se pretendia até então, como universidade de conhecimento, fragmentou-se no que se chamou comumente de graduações, cursos destinados a formação de profissionais: professores, engenheiros, médicos, juristas e administradores. Com essa fragmentação, o estudante passou a receber, cada vez mais, apenas um fragmento dessa universidade o que lhe dificulta a compreensão do todo. Talvez seja esse o grande mal da era vigente, o profundo conhecimento da parte e pouco, ou quase nada, do todo. Para se fazer uma universidade de qualidade não necessita voltar aos moldes medievais, já que as fragmentações dos saberes, com a crescente especialização, trouxeram avanços tecnológicos, imprescindíveis para o homem moderno. O que precisa agora é levar ao estudante um saber que o integre na sociedade, um saber que vá para além das especialidades, uma noção do todo. Outro ponto é que se a universidade surgiu na Europa medieval, destinada a suprir as necessidades da sociedade, as coisas não mudaram para os dias atuais: uma instituição deve dar respostas às necessidades que a todo instante surgem na comunidade em que ela está inserida. E essa inserção da universidade no meio, acontecerá se a comunidade acadêmica tiver a noção integradora de que o ensino só será de qualidade se tiver como baliza, a pesquisa e a extensão. Talvez, assim, se resgate o sentido original de universidade.

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