quarta-feira, 20 de julho de 2016

Heidegger, Nazismo e Filosofia

Um dos maiores pensadores de um passado recente foi o alemão, Martin Heidegger, um estudioso que se debruçou sobre a existência do humano – esse ser que pensa e tem consciência de si. Foi Heidegger quem criou o conceito de “dasein”, uma expressão originada do Alemão para o “ser aí”, o ser que pensa, que entende o que se passa ao seu redor, que se angustia “como um ser que caminha para morte”. A sua obra principal foi Ser e Tempo, mas outras foram também bastante importantes como Introdução à Metafísica, 1953, Que Significa Pensar?, 1964, e Fenomenologia e Teologia, de 1970; a obra completa foi editada na Alemanha em 70 volumes. Mesmo que cedo tenha se tornado um dos filósofos mais conhecidos recusou uma proposta para atuar em Berlim, e sua influência se estendeu – além da Filosofia – à Teologia, à Psicologia, à Antropologia, ao Direito e às recentes linhas pós-modernas. No entanto, a sua disponibilidade em colaborar com o regime nazista, em 1933, aceitando o cargo de reitor da Universidade de Friburgo, em substituição a um colega, opositor ao regime, abalou o seu prestígio. Também contribuiu para esse abalo o fato de comparar o serviço do saber na escola superior ao serviço militar e funcional. Em 1946 as autoridades francesas de ocupação alemã retiraram-lhe a docência, mas lhe foi restituída em 1951. O certo é que, mesmo sendo indiscutível a sua contribuição para o pensamento filosófico na busca do entendimento da existência, quando afirma que primeiro vem a existência e depois a essência, a sua passagem pelo momento nazista maculou-o como filósofo. Muitos pensadores que surgiram nas décadas seguintes e que utilizaram suas descobertas filosóficas, souberam distinguir muito bem (como foi o caso de Sartre) aquele alemão que esteve junto ao Partido Nazista e o grande filósofo do século, mas muitos não o aceitam até hoje, principalmente os de ascendência judaica. Inúmeros livros foram escritos denunciando aquilo que seria o escândalo do século: o grande pensador alemão, citado e estudado pelo mundo a fora, foi um intelectual que colaborou com o regime de Hitler. Para esses, o seu pensamento do “dasein” (o ser aí) a consciência do ser, trás incrustado o vírus fortalecedor e estruturador de uma ideologia germanófila. Na verdade algumas pessoas encontram em tudo aquilo que querem encontrar; a filosofia de Martin Heidegger é um profundo estudo do humano enquanto único ser que existe e que pensa na sua existência, no seu nascimento e na sua morte e até imagina uma vida pós-morte, se alegra e se angustia. Suas descobertas são uma arma poderosa de entendimento do homem; uma arma que pode ser usada nas mais variadas possibilidades.

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