quarta-feira, 13 de julho de 2016

O Jovem e a Força Transformadora

Politicamente, em uma democracia participativa, é um processo natural a divisão entre esquerda e direita, entre progressistas e conservadores, ou entre revolucionários e reacionários, como queiram. Nos sistemas totalitários essas posições não ficam muito claras tendo em vista a repressão aos sistemas de comunicação, bem como aos órgãos formadores de opinião como as escolas, os sindicatos e os partidos políticos. Até o momento não se tem notícia de estudos acadêmicos dando conta de que uma determinada sociedade seja mais ou menos conservadora, assim como, se existe ou não, alguém mais ou menos conservador nas relações de gênero. O que existe mesmo é uma percepção nítida de que os jovens tendem a uma busca desenfreada por mudanças sociais e políticas, militando desde cedo nos centros acadêmicos, enquanto os mais velhos tendem a uma maior ponderação e cautela. Essa percepção fica mais clara quando se observa determinados pensadores em que se detectam profundamente a diferença entre suas juventudes e, eles mesmos, nas vidas – ditas – maduras: Wittgenstein, Marx, Kant, Platão e tantos outros, se costuma estudar citando-os como o jovem e o velho. Isso acontece porque na juventude os sonhos se afloram e o homem tem profunda sede de viver; acredita ele ser possível fazer algo melhor do que aquilo ao qual se depara. A grande tristeza ocorre é quando o jovem se mostra conservador, medroso e reacionário; são como homens emasculados a serviço dos seus senhores, podados em suas forças naturais. Alguns se tornam reacionários por influências de famílias, de escolas ou de igrejas, outros por interesse de suas classes, mas sempre com a pura desinformação da história. Nenhum assume tal posição por deduções lógicas. É tristeza porque, se do velho se espera o cuidado e a cautela das ações, é do jovem que se espera o impulso vivo que derruba as muralhas do medo, do preconceito e do conservadorismo. Se a esquerda é uma força política, vanguarda que tem como ponta de lança as transformações da ordem política, social e econômica e a direita, uma força reacionária a essas mesmas transformações, é inconcebível ouvir jovens se auto-proclamando de direita. Cortar do jovem a sua força transformadora é como matá-lo ainda na adolescência é pô-lo a viver em uma velhice antecipada; alimentar o jovem com ideias conservadoras é o mesmo que roubar-lhe a sua juventude.

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